Ficamos um total de 4 dias em Arica, muito mais do que a cidade exige para que se conheça com qualidade, mas porque na noite do segundo dia, de acordo com toda boa programação de um turista no Chile, estava previsto que nós conhecêssemos formalmente o pisco sauer. E um copinho daquele (cheio até a borda!), aparentemente inocente como a água mas malvado que só acabou nos convencendo à força de não seguir viagem adiante no dia seguinte.

No 4o. dia, refeitas, fomos até a rodoviária de Arica, que fica na divisa com o Peru.

Nosso roteiro era ir de Arica (Chile) a Cusco (Peru). Não tem ônibus direto, de modo que descobrimos que o melhor a fazer era:
– Pegar um carro (lá eles fazem lotada) de Arica até Tacna, 1a. cidade do Peru, mais próxima a divisa, e atravessar a fronteira;
– De Tacna pegar um ônibus até Cusco (se dermos sorte de achar um direto) ou parando em Arequipa para fazer baldeação, uma cidadezinha também meio central na malha rodoviária deles…

A rodoviária de Arica é uma espécie de terminal de táxis-lotação. Assim que você entra tem quinhentos tiozinhos gritando oferecendo transporte, praticamente te carregando no braço. Você, então, literalmente escolhe aquele em que vai mais com a cara, e pronto! Não sei como está agora, mas quando fui o carro geralmente era daqueles grandes e antigos, que leva suas coisas tanto no teto quanto no bagageiro.

É legal dar uma olhada, ao embarcar, também nas pessoas que vão seguir viagem com você, para desconfiar se tiver alguém meio suspeito ou coisa parecida – mas essa avaliação fica difícil, porque ali passa muita gente de tudo quanto é tipo, como é normal em áreas de fronteira – então é tudo meio misturado. Você pode até tentar oferecer de pagar mais e não ter que dividir o carro com ninguém, mas a probabilidade do tiozinho colocar mais umas duas famílias no carro com cinco pessoas cada na última hora é enorme… O negócio é “más plata”, “más diñero”, siempre!

A viagem até Tacna, então, é interessante, digamos: um calor do cão (afinal, os tais carros antigos não tinham ar-condicionado), sentadas no banco dianteiro junto com o tiozinho (fomos espertas, porque no banco de trás que a galera se espremia), ouvindo música peruana bem típica tocando no rádio. 30 minutos de viagem, com a parada na fronteira peruana (que é bem tranquila, aliás!), e chegamos na rodoviária de Tacna.

Quanto aos ônibus no Peru, existem duas companhias principais: Ormeña e Flores. A Flores é a pior, mas é exatamente esta que oferece mais opções de ônibus. Só havia um ônibus direto até Cusco, mas estava lotado, então pegamos um até Arequipa (6 horas de viagem direto, num ônibus escaldante de calor) e outro de Arequipa a Cusco (umas 12 horas de viagem, mas desta vez feitas à noite em um ônibus executivo, dois andares, semi-leito e relativamente vazio)…

O que recomendo fervorosamente é que o mochileiro que deseje fazer esse roteiro deixe de pão-durice e compre um ônibus que tenha ar condicionado (se ele for no período do verão, como era nosso caso), ou que tenha calefação (se for no inverno). A diferença em soles não é muita e é um conforto para toda a viagem…

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

2 COMENTÁRIOS

    • Ih, Tamiris, eu fiz essa viagem em 2007, não sei quanto deve estar agora! Desculpe não poder ajudá-la!
      Mas em Arica, quem faz esse transporte era (na minha época) uma espécie de carro que fazia as vezes de um táxi, não era um ônibus!

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