Taí um dos passeios que eu mais gostei dos arredores de Londres – e que era, inclusive, o que eu menos esperava.

Explico: Hampton Court apareceu na minha lista de passeios em Londres por sugestão do Visit Britain, órgão de promoção turística do Reino Unido, que na época da minha viagem era quem me ajudava a organizar o roteiro, já que eu estaria por lá fazendo uma matéria de capa para a Revista Viaje Mais, e queria reunir dicas de atrações interessantes pela cidade.

E eu confesso que até então eu nunca tinha ouvido falar de lá, mas na minha cabeça incluir mais um palácio no roteiro me parecia uma coisa cansativa. Afinal, o que mais tem na Inglaterra é castelo e palácio de rei para visitar, e eu tinha medo de virar uma coisa “mais do mesmo”.

Pois bem… Resultado: adorei. 🙂

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E digo mais – para quem quer conhecer a história da Inglaterra e ter um gostinho de realeza na viagem por lá, dar um pulo em Hampton Court é tão indispensável quanto conhecer a Torre de Londres – ambas estão cheias de histórias nos corredores!

E, cá para nós, bem mais divertido do que assistir a Troca da Guarda Real Inglesa, vai por mim!

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Primeiro: o Hampton Court parece cenário de uma novela de época – e foi mesmo: daquelas cheias de inveja, traições, puladas de cerca e morte. A começar pela sua história. Construído lá entre os anos 1515 e 1521, pertencia ao Arcebispo de York, que gastou horrores para construir o palácio mais pomposo da Inglaterra. Ele conseguiu, mas acabou se dando muito mal: o rei Henrique VIII ( o tal mais famoso, que se casou 6 vezes, matou duas das esposas e rompeu com a Igreja Católica) ficou morrendo de inveja da imponência de Hampton Court, tirou a influência do Arcebispo e confiscou a “casa”, passando a morar nela.

E, dando só uma olhada nas dependências do Palácio, a gente meio que entende o porquê dele ter gostado tanto de lá.

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Por ter morado lá com algumas de suas esposas e por ter investido na construção de algumas melhorias do Palácio, Hampton Court tem meio que a cara de Henrique VIII, e hoje muitas as atrações da casa contam com alas que contam sobre sua vida e a de outros moradores do palácio.

Mas posso dar minha humilde opinião? 🙂 Para mim, o que faz valer a pena a visita no Hampton Court são – nessa ordem:

A exposição “Secrets of the Royal BedChamber”: que, em bom português, significa “Os Segredos do quarto real”. Ali a exposição toda acontece à meia luz, contando todas as farras, traições e escapadelas que aconteciam entre as quatro – ou mais – paredes dos aposentos de Hampton Court. Tanto Henrique VIII quanto outros monarcas e nobres entram na exposição, que mostra que a vida deles naquela época era mesmo muito movimentada: criadas, nobres, concumbinas, traições e casos de gravidez inconveniente a torto e a direito – enfim, uma forma bacana de matar a curiosidade de como era a vida privada – privadíssima – dos reis da época.

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Escada de acesso ao segundo andar, onde fica a exposição dedicada à vida íntima dos reis: os detalhes na parede e teto dão o tom de luxo do Hampton Court!

Tem ali de tudo: o quarto de Henrique VIII, que era disputadíssimo pelos servos – afinal, quem trabalhasse ali na ajuda da arrumação, higiene do rei ou preparo de suas roupas tinha alcançado o mais alto grau de proximidade possível com o monarca (e várias eram as jovens e belas criadas que procuravam esse favor em troca de algum favorecimento, quem sabe). Há também a cama da Rainha Anne, que teve ali vários filhos – e perdeu todos depois, ficando sem herdeiros e deixando a dinastia morrer com ela. Tem camas que se desmontavam e eram levadas até para a guerra, porque o rei fazia questão; e tinha até camas do preço de uma casa em Londres, mas que nunca foram usadas!

As interpretações: Dizem que Hampton Court tem seus fantasmas até hoje. Jane Seymour, uma das esposas de Henrique VIII, morreu em Hampton Court alguns dias depois de dar a luz ali, e Catherine Howard, outra esposa do rei que foi aprisionada ali e depois executada por traição (suspeitava-se de que ela tinha vários amantes), seriam vistas e ouvidas por ali até hoje, sussurrando ou gritando pelos corredores.

Verdade ou não, isso só aumenta o gosto de visitar a casa, e atores vestidos como Catherina Howard e Henrique VIII fazem performances diárias por Hampton Court.

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Catherina Howard, a rainha “saidinha” da Inglaterra
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Henrique VIII passeando pelos jardins de Hampton court

Mas porque as encenações aqui são tão legais? Bom, a Torre de Londres também tinha os seus atores, bem como muitos palácios ingleses, mas acho que aqui a brincadeira toma quase ares de cenário de verdade! O ator responsável pelo papel de Henrique VIII leva bem a sério seu personagens, e os visitantes são convidados a saudá-lo conforme a época antiga – e a versão moderna de Catherine Howard ajuda nisso, ensinando como eram os cumprimentos na época. É bem bacana para quem vai com crianças! 🙂

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A cozinha de Hampton Court: cozinhar para uma galera enorme que trabalhava ali era pauleira – as estatísticas apontam uma média de 600 pessoas, entre nobres e empregados – e a cozinha medieval ainda está preservada para visitação.

Inclusive, ainda é usada em eventos especiais para reproduzirem receitas daquela época – veja aqui!

E por fim, os jardins! Se a Inglaterra já é famosa hoje por seus jardins, parte da história começou aqui, já que Hampton Court teve os primeiros jardins formais da Inglaterra.

A área é de uma belezura só para passear, tirar foto, fazer piquenique e deixar as crianças brincando.

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Mas o mais bacana é que lá estão um labirinto verde (“maze”), considerado o mais antigo da Inglaterra – foi construído originalmente em 1690 e era uma atração do rei para a Corte. Hoje, você leva mais ou menos uns 20 minutos para chegar ao centro e mais uns tantos para sair, perdendo-se por vielas, caminhos fechados e curvas. Muito divertido! 🙂

Além disso, vale a pena visitar a programação do Hampton Court antes de ir: a floração do jardim muda conforme a época do ano e é possível ver uma paisagem completamente diferente a cada mês. De abril a agosto o jardim está com o seu auge de flores, e nas duas primeiras semanas de setembro acontece a colheita das uvas da vinícola localizada em Hampton Court, que dizem ser uma das mais antigas da Europa.

Eu fiquei umas 3 horas por lá, passeando e perdendo a noção do tempo. Por isso acho que vale a pena reservar toda a parte da manhã para o Palácio, sem medo – menos do que isso você não aproveita muito o passeio.

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Uma dica que eu não fiz, mas achei legal: quando eu estava lá tinham diversos grupos escolares com crianças. Cada uma trazia sua própria sacola com merenda e, após o passeio, iam todos ao jardim fazer seu piquenique (recolhendo todo o lixo no final, claro). Eu fiquei curtindo o jardim chupando o dedo mesmo, porque não tinha levado o meu lanchinho. Mas fica a dica! 🙂

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Como Chegar:

O palácio de Hampton Court fica a 30 minutos de Londres, então programe-se para pegar um trem na estação de London Waterloo, que dispõe de trens que vão direto para lá. Procure pegar os trens com destino a Hampton Court – a viagem dura 35 minutos e o bilhete é comprado na hora.

Você pode também usar o seu Oyster Card para pagar a passagem de trem.

Chegando na estação de Hampton Court, procure pelo Palácio – ele fica a exatos 200 metros da estação, atravessando uma ponte.

Atenção: se você estiver viajando com alguém que seja portador de necessidades especiais, só fique de olho na hora de atravessar a ponte, pois muita gente usa bicicleta por ali e costuma passar pela calçada.

Os horários do trem de ida de Waterloo para Hampton Court costumam ser:

Segunda a sábado: todas as horas, aos seis e trinta e seis minutos. Exemplo: 07:06 e 07:36; 08:06 e 08:36 e por aí vai.

Domingos: Todas as horas, sempre aos 27 e 57 minutos. Exemplo: 09:27 e 09:57; 10:27 e 10:57 e por aí vai.

Todos os horários de volta de Hampton Court para a estação de Waterloo costumam ser:

Segunda a sábado: todas as horas, sempre às XX:24 e XX:54. Por exemplo: 14:24 e 14:54; 15:24 e 15:54 e por aí vai.

Domingo:  todas as horas, sempre às XX:05 e XX:35. Por exemplo: 14:05 e 14:35; 15:05 e 15:35 e por aí vai.

Atenção: os trens que operam nesta linha são da SouthWest Trains e volta e meia eles programam algumas manutenções, o que pode alterar os horários. Por isso, confira sempre os horários do trem no dia em que você for – neste link aqui estão as informações diárias, em inglês.

Tem como ir de barco também, mas dependendo da maré do dia em que você for a viagem pode levar até 4 horas.

Horários de abertura:

10:00 às 18:00 na primavera e verão (início de abril a final de outubro)

10:00 às 16:30 no outono e inverno (final de outubro a final de março)

Os últimos ingressos são vendidos exatamente uma hora antes de fechar, mas recomendo chegar cedo – senão você fica com uma hora só para conhecer tudo e acaba aproveitando tudo pela metade, com pressa – o Hampton Court tem muita história para conhecer em meia hora só.

Todos os horários atualizados podem ser encontrados aqui.

Preço dos ingressos:

Adultos: ££18.20 (comprado na hora) e £17.05 (comprado online)

Crianças até 16 anos:  £09.10 (comprado na hora) e  £8.52 (comprado online)

Estudantes e idosos a partir de 60 anos:  £15.40 (comprado na hora) e £  £14.40 (comprado online)

Família (2 adultos e 3 crianças): £46.80 (comprado na hora) e £43.45 (comprado online).

É também possível visitar apenas os jardins – nesse caso, crianças até 15 anos entram de graça e adultos pagam £5.72.

Para comprar os ingressos online mais baratos, clique aqui. 

Para comprar os ingressos online direto por este blog (você não paga nada a mais por isso mas ainda ajuda a gente), clique aqui. Tem ingressos de várias atrações em Londres na nossa loja, vê lá! 🙂

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Do baratinho ao classudão: dicas de onde comer em Londres

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Essa jornalista e blogueira visitou o Hampton Court em parceria com a Visit Britain.

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