Gramado
Miniatura do castelo alemão de Neuchwanstein (o mesmo que serviu de inspiração ao “Castelo da Bela Adormecida”, símbolo dos estúdios Disney). Crédito da Foto: Catarina Donda

A Serra Gaúcha é um dos meu passeios favoritos. Já fui algumas vezes, mas não me canso de voltar, me encantar novamente e ficar com saudades quando termina a viagem. A beleza dos cenários, o cuidado das cidades, o capricho nos detalhes, as comidinhas deliciosas e a excelência no atendimento me tornaram uma visitante reincidente da região.

Desta vez, a segunda com meu marido e a primeira com nosso filho de 5 anos, o objetivo foi conhecer o Natal Luz. O projeto começou com meses de antecedência – a procura é enorme e, quase um ano antes, a maioria dos hotéis já estão com reservas lotadas. Meu plano inicial era ir por conta própria, mas após enviar 13 e-mails a hotéis diferentes (todos, sem exceção, pronta e educadamente respondidos) e não encontrar vaga em nenhum, apelei pras agências mesmo. Após consultar três, acabei fechando com a CVC um pacote de aéreo e hospedagem. Pela internet, fiz a reserva do carro que alugamos e comprei antecipadamente os ingressos para os shows que escolhemos (apesar de conhecer quem tenha chegado lá e comprado ingresso na hora na bilheteria, prefiro evitar “emoções” e resolver com antecedência).

Mas para quem vai por conta própria ou não achou um pacote, é possível fazer as reservas do carro neste link (e que muitas vezes oferece bons preços e descontos para quem fecha pela internet) e reservar a pousada aqui: aqui tem uma lista de hotéis e pousadas em Gramado para escolher. Nós ficamos no Serrano Resort, delicioso, e contamos aqui o que achamos de lá, quando estivemos na época do Natal Luz.

Pegamos o carro no aeroporto de Porto Alegre e subimos a serra em direção à Gramado pela BR-116, seguindo o caminho que atravessa Nova Petrópolis. Embora exista outro trajeto, via Taquara, este é o mais bonito: a estrada é ladeada por árvores e pontuada, aqui e ali, por casinhas com a arquitetura típica da região. Só de fazer este caminho inspirador, a gente já começa a relaxar e fazer a transição entre a rotina agitada da cidade e as férias que estão começando.

Vista da estrada, chegando a Gramado. Crédito da Foto: Catarina Donda

Chegando em Gramado, não se vê semáforos: os principais cruzamentos possuem apenas rotatórias e os motoristas param quando um pedestre coloca o pé na faixa – e param sorrindo! O banheiro público parece o de um shopping bacana, as casas não têm cerca nem muro, as calçadas são enfeitadas com flores. Para completar, a comida tem sabor de verdade, o que nos faz resgatar o paladar perdido em algum lugar do passado, em algum recanto da infância ou de sítio de vó: o suco de uva não é de caixinha, mas de uva mesmo; a carne de frango tem gosto de frango, e não de isopor; as geléias têm pedaços de frutas; os pães são caseiros… e por aí vai. Ah… férias!

A seguir, uma compilação de nossas experiências – com prós e contras – durante a semana que passamos lá e em viagens anteriores, bem como sugestões de programas ainda não testados mas que têm tudo para ser legais. Como Gramado e região oferecem diversão o ano inteiro, começaremos a lista pelas atrações turísticas permanentes. A programação natalina, foco primordial desta nossa visita, será feita em um post à parte. A ordem das atrações é aleatória, a ideia é apenas fornecer material para aqueles que desejem montar seu próprio roteiro.

Avenida Borges de Medeiros e Rua Coberta: bem no centro de Gramado, concentram lojas, cafés e o burburinho. Locais obrigatórios para se bater perna, admirar vitrines e a beleza da cidade, mas pouco vantajoso para se fazer compras, já que os preços são pra turista. Exceção para as lojas de chocolate, que têm o mesmo preço em todo lugar. E talvez para as lojas de roupas de couro, mediante uma boa pesquisa. Quanto às malhas, dê preferência, com certeza, para Nova Petrópolis.

Lago Negro: um dos principais cartões postais de Gramado, o Lago Negro foi construído na década de 50, após um incêndio ter destruído a mata do Vale do Bom Retiro. Suas margens foram decoradas com árvores importadas da Floresta Negra da Alemanha, daí o seu nome. Para admirar a paisagem cercada de pinheiros e hortênsias, caminhe pela trilha ao redor do lago ou alugue um pedalinho em formato de cisne ou caravela. Se preferir, carrinhos elétricos fazem o mesmo percurso da caminhada. Em frente ao lago, o restaurante Paradouro Lago Negro é uma opção de refeição com bom custo-benefício, com sanduíches e pratos gostosos e bem servidos.

Mini-Mundo: atração que encanta adultos e crianças, o parque é uma pequena cidade em movimento, com sonorização e mais de dois mil mini-habitantes.

As sensacionais miniaturas do Mini-Mundo. Crédito da Foto: Catarina Donda

As construções (na escala 1:24) são miniaturas artesanais de obras arquitetônicas de várias partes do mundo, principalmente da Alemanha – terra natal do fundador do parque, Otto Höppner, um vovô que fazia brinquedos em miniatura para seus netinhos.

Miniatura do castelo alemão de Neuchwanstein (o mesmo que serviu de inspiração ao “Castelo da Bela Adormecida”, símbolo dos estúdios Disney). Crédito da Foto: Catarina Donda

Hoje, mantido pela quarta geração da família, o Mini-Mundo continua ganhando novas miniaturas. Além delas, o parque possui também um poço dos desejos, um jornal gratuito com notícias da mini-cidade (cada notícia tem um número para que as crianças localizem, nos cenários, o acontecimento) e uma loja de souvenirs. Nesta última, nosso achado mais interessante foi a coleção de livros do ursinho Gui, mascote do parque: são vários livrinhos infantis, com aventuras do ursinho e sua turma, ambientadas nos cenários reais que inspiraram o Mini-Mundo. Edição e ilustração caprichadas, por R$ 7,00 cada livro.

Praça das Comunicações: no centro de Gramado, ao lado da rodoviária, fica a Praça das Comunicações, um lugar que vale a visita. Três vezes por semana (e diariamente na alta temporada), colonos da zona rural de Gramado vêm assar, na hora e no forno a lenha, pães e cucas que você pode comprar fresquinhos. Lá também fica a Casa do Colono, que vende produtos dessas comunidades rurais, como queijos, salames, lingüiças, biscoitos, suco de uva, geléias e chimias (do alemão “schimier”, a chimia é parente da geléia, porém mais encorpada pois é produzida não só com o suco, mas também com o bagaço e/ou cascas das frutas). Por fim, na Praça das Comunicações você também pode tirar sua foto antiga, com direito a figurino de imigrante e objetos de cena. Pode-se optar por levar a foto impressa ou em CD, e há vários tipos de pacotes. Escolhemos o CD com três fotos tratadas e em alta resolução, a R$ 35,00. Ficaram bem legais!

Gramado Zôo: em funcionamento desde 2008, este é um zoológico que dá gosto visitar. Sou daquelas pessoas que ficam meio deprimidas quando visitam zoológicos tradicionais, ao ver aqueles bichos tristes, confinados a suas jaulas diminutas, reduzidos a prisioneiros de vitrine só para satisfazer a curiosidade humana. No zôo de Gramado, a exemplo do excelente Zooparque de Itatiba (SP), a proposta é outra. No lugar de jaulas, grandes viveiros abrigam os animais, que vivem o mais próximo possível do que seria a integração com a natureza. E para vê-los, você percorre uma trilha por dentro do parque – em alguns viveiros de aves, pode até passar no meio dos bichos.

Aqui é a hora em que a “onça bebe água”. Literalmente! Crédito da Foto: Catarina Donda

No caso do Gramado Zôo, são 1.500 animais exclusivamente da fauna brasileira (além dos pingüins da Patagônia que, de tanto visitarem nosso litoral, foram incorporados à turma). A trilha tem 1,2 km de extensão, e em alguns pontos estão saquinhos de ração para que você possa alimentar os animais (custam R$ 2,00, pagamento na saída). No meio do percurso, há um restaurante com formato de oca indígena com uma belíssima vista do parque. E para quem quiser observar os animais de hábitos noturnos, há passeios em horários específicos.

Aldeia do Papai Noel: funciona o ano inteiro e tem casa do Papai Noel (com o bom velhinho em carne e osso, de plantão para fotos), fábrica de brinquedos, árvore dos desejos, renas de verdade e praça da neve (de espuma).

Aldeia do Papai Noel. Crédito da Foto: Catarina Donda

Encanta os pequenos – embora eles não possam tocar nos brinquedos, uma contradição – mas para mim o que vale mesmo o ingresso é a vista deslumbrante que se tem do Vale do Quilombo. Procure o mirante no final da fábrica de brinquedos, onde também fica uma luneta para ajudar na exploração da paisagem.

Mirante para o Vale do Quilombo, na Aldeia do Papai Noel. Crédito da Foto: Catarina Donda

Avenida das Hortênsias (trecho que liga Gramado a Canela): aqui estão vários dos pontos turísticos da região, que você pode percorrer ao longo de um dia, com calma, ou rapidinho se tiver apenas uma tarde. Ficam muito próximos uns aos outros:

a) Hollywood Dream Cars, Super Carros, Harley Motor Show e Museu de Cera Dreamland: com administração única, ficam bem próximos e você pode visitar apenas um dos museus ou comprar um ingresso com desconto que prevê entrada em todos eles. Dos quatro, o que mais gosto é o Hollywood Dream Cars, que tem uma linda coleção de carros antigos, das décadas de 20 a 70. Meninos de todas as idades ficam loucos com o Super Carros, onde se pode ver de perto Ferraris, Lamborghinis, Porsches e afins – e, se estiver muuuito di$po$to, até fazer um test-drive.

O Super Carros de Gramado. Pelo visto, não são só os pequenos que ficam alucinados com os “brinquedinhos”. Crédito da Foto: Catarina Donda

Já o Harley Motor Show reproduz um bar de rock’n’roll , tem uma pequena coleção de motocicletas da marca Harley Davidson e um funcionário de plantão para tirar sua foto montado em uma delas, com direito a cenário, capacete e colete. O Dreamland, por sua vez, traz réplicas em cera de personagens e personalidades famosas. Se você conhece o Madame Tussaud, de Londres, provavelmente não vai achar graça, mas se nunca visitou um desses, o Dreamland pode render uns minutos divertidos. O museu aqui é pequeno e os bonecos de cera estão ambientados em cenários de filmes. São em tamanho natural e estão divididos entre os muito bem feitos (como Michael Jackson, Einstein e Harry Potter, por exemplo), aqueles meio toscos (como Demi Moore e Elton John) e ainda os excessivamente bronzeados (como Elvis e John Travolta, que parecem ter voltado de férias em algum paraíso tropical).

Detalhe da escultura de cera do Michael Jackson, na Dreamland. Crédito da Foto: Catarina Donda

Atores e personagens americanos são maioria – dentre os brasileiros, que me lembre, só Ronaldinho Gaúcho e Lula, que aparece na Casa Branca junto com Obama. Este, aliás, é um dos cenários em que você pode ter sua foto tirada pela equipe do museu. Mas como ela custa uns R$ 15 no tamanho 10×15, sem tratamento e num papel de revelação de pouca qualidade, achamos que não compensa.

b) Lojas de fábricas de chocolate: nesta avenida, elas ficam uma ao lado da outra: Caracol, Florybal, Chocolataria Gramado, Canto Doce… O preço é quase o mesmo, então escolha pelo paladar. Em nosso caso, adoramos as bolinhas de chocolate das tradicionais Caracol e Planalto (esta última não tem loja ali, mas é fácil de achar no centro) e também aprovamos a Chocolataria Gramado (que ainda não conhecíamos). Outras duas marcas tradicionais são Prawer e Lugano, também com lojas espalhadas pela cidade. Na Av. das Hortênsias, visitamos o espaço temático “O Reino do Chocolate”, da Caracol,  que tem uma exposição contando a história do chocolate – ilustrada com pinturas, painéis, instalações e apetitosas esculturas de chocolate. O espaço também conta com uma cafeteria, onde experimentamos (e repetimos), ao invés de um chocolate quente, o sorvete de chocolate Caracol. Hummmm! De-li-ci-o-so. Já a bebida gelada “Café do Reino”, que leva sorvete de creme, café, leite, licor de chocolate e chantilly foi reprovada.

A produção de chocolate vista ao vivo pela vitrine, no Reino do Chocolate, da Caracol. Crédito da Foto: Catarina Donda

c) Mundo a vapor: com a temática das máquinas a vapor e suas aplicações desde a Revolução Industrial, o parque é além de divertido, educativo – com réplicas em miniatura de máquinas que reproduzem os processos industriais de olarias, serrarias, pedreiras, siderúrgicas, fábricas de papel etc. Nas principais atrações, há monitores fazendo demonstrações de funcionamento. Na entrada do parque, uma instalação em tamanho real reproduz o acidente ocorrido na estação de Montparnasse, em Paris, 1895, quando uma locomotiva derrubou a mureta de proteção no fim da linha, atravessou o terraço, destruiu parte da fachada da estação e despencou de uma altura de dez metros.

d) Museu Medieval e de Heráldica: em plena Gramado, um pequeno castelo em estilo medieval – o castelo Saint George – abriga uma coleção de armas medievais, brasões de família e cutelaria gaúcha, nacional e internacional. O próprio dono do museu e artesão responsável pela maior parte das peças, Gilberto Guzenski, é o anfitrião, junto com sua esposa. Lá, é possível descobrir a história do seu sobrenome (há mais de 1 milhão cadastrados) e conhecer o brasão da família – e, se quiser, até encomendar uma cópia, que pode ser feita em pergaminho, madeira ou outros materiais. Como souvenirs, chaveiros de elmo, soldadinhos medievais e outros objetos temáticos.

e) Café colonial Bela Vista: este é o mais tradicional e recomendado de Gramado, e tem duas lojas na Avenida das Hortênsias. Se puder, porém, deixe para tomar um café colonial em Nova Petrópolis, que oferece os melhores do Brasil. O Guia 4 Rodas recomenda os restaurantes Opa’s Kaffeehaus, Recanto dos Plátanos e Sabor do Campo. No dia escolhido, vá preparado para a comilança, ou seja, dispense almoço e jantar: é tanta, mas tanta a variedade e quantidade de pratos, doces e salgados, que com muito empenho talvez você consiga experimentar a metade deles.

f) Vista para o Vale do Quilombo: de vários pontos da avenida, você pode desfrutar da sensacional paisagem do Vale do Quilombo, inclusive dos cafés de algumas das lojas de chocolate.

 

Comments

5 COMENTÁRIOS

  1. Como amo a Serra, deixo o meu comentário por aqui. Também curto muito o seu blog (em silêncio e sem tempo para deixar um recadinho).
    Beijos grandes e obrigada pelo carinho
    Alexandra
    @cafeviagem
    @destemperadinho

  2. O Mini Mundo é lindo demais! Minha tia levou minha vó pra visitar a cidade e elas foram lá no Mini Mundo porque encontraram aqui (link removido) (eu fiquei só na vontade, vendo as fotos depois, haha). A cidade inteira, na verdade, é linda demais né? Até parece que você tá na Europa 😀

  3. Fui a Gramado com minha filha no Carnaval de 2011 e voltaremos neste Carnaval pra visitar algumas novas atrações. É um lugar bem legal pra levar os pequenos, com muitas opções de passeio. Postei no meu blog os programas que fizemos por lá. Quem quiser pode dar uma olhadinha em Pe na estrada com Dona Maricota

  4. Catarina, olá!
    Irei a Gramado com a família ( marido e filhos 8 e 10 anos) por 9 dias no Natal!
    Gostaria, se possível, de dicas de bons restaurantes – inclusive para a Ceia de Natal!
    Grata,
    Cristine

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