Tem neném que já nasce no mundo com nome escolhido e tudo. E tem pais que preferem esperar o neném nascer para descobrir qual o nome que melhor combina com a carinha dele – e assim, evitar chamar de Antônio alguém que tem a maior cara de João.

Bom, foi o meu caso. Nasci assim, sem nome definido, e mesmo tendo aquela carinha amassada que todo recém-nascido tem, fico feliz de meu pais não terem me nomeado de, sei lá, “Joelho”.

Nasci no dia 4 de outubro (aliás, guardem a data! Estou aceitando presentes! 🙂 ) e como acontece em muitos casos, as enfermeiras foram lá ver qual era o nome do Santo daquele dia. Eu não tinha religião nem nome ainda, mas à princípio um santo é que não ia me faltar.

Era dia de São Francisco de Assis. Vieram os nomes, então, num brainstorm entre uma chupeta e outra:

Francisca, a primeira e óbvia opção, foi descartada. Minha mãe já se chamava Francisca e duas Chiquinhas juntas vão muito bem em penteado de festa junina, mas numa casa ia dar confusão.

A segunda opção era Clara, amiga de Francisco de Assis e outra santa, mas que também foi descartada. Aparentemente, eu tinha cara de joelho, mas não de Clara.

E eis que veio minha vó, com aquela sabedoria carinhosa que só as avós têm, procurar mais informações sobre a vida de São Francisco num livro. Afinal, o santo era gente boa, o dia 4 de outubro era um lindo dia de sol, e por essas lindas coincidências da vida era quase certo que deveria ter uma pista de um nome por detrás de tudo isso.

E tinha. O livro dizia que Francisco de Assis fundou a Ordem dos Franciscanos, e Clara, seguindo semelhante propósito, fundou a ordem das Clarissas.

– Que tal “Clarissa”?

Pois é. Virei Clarissa, assim. Prazer em conhecê-los.

 

 ***

 

Talvez tenha sido por isso que eu sempre achei Francisco de Assis o santo mais bacana entre a galera lá de cima. Não por ser católica ou puxa-saco (não sou nenhuma dos dois), mas porque sempre simpatizei com a história dele, que sempre ouvia desde pequena. Uma história bacana, que não precisa ser ultra-religioso para curtir: porque tem a ver com História – bem naquela época negra de mandos e desmandos de Igreja Católica, Cruzadas e perseguições – com animais, com gente querendo fazer o bem e deixar um mundo melhor, do jeito que pode e com o que tem.

Bom, eu sempre achei um enredo, assim, interessante.

E por isso, encarei como um presente mais do que especial o convite para visitar Assis, na Itália, terra natal do Chico.

Basílica de Assis

Só que, já que a gente criou tanta intimidade – poxa, eu até te contei a história do meu nome! 🙂 – eu gostaria de contar também como foi a visita. E as histórias que eu ouvi lá. E as impressões.

Parece demorado, mas eu garanto: será uma visita que a gente nem sente o tempo passar.

Prometo desde já que esse não é um post religioso – pelo menos, não como parece à primeira vista. Mas é um post que fala de um lugar de sensações boas, porque isso é o maior legado de Assis, independente da crença dos visitantes: fazer você voltar de lá com aquele gostinho de leveza, beleza e paz dentro de si.

 E, bom, se isso também for uma forma de religião para você – para mim é! – que assim seja. 🙂

Chegando a Assis

Era um dia ensolarado de julho quando nosso grupo chegou à Assis, de manhã. Havia uma ansiedade no grupo, porque de todas as cidades, Assis é a mais famosa da região da Úmbria e cada um, por motivos pessoais, queria conhecê-la. A ansiedade aumenta quando se vê Assis ao longe: a cidade está encarapitada num monte, e o que se vê do vale são contornos e mais contornos de construções amareladas, que culminam com a cúpula da Basílica de São Francisco lá de cima.

Assis é, basicamente, uma cidade de peregrinação religiosa. E lá há desde os turistas que chegam um dia, olham e voltam (nós!) ou os turistas que participam da peregrinação como um todo, o que inclui a caminhada de São Francisco, passando por todas as cidades em que ele pregava. Essa caminhada é a versão italiana da famosa caminhada de Santiago de Compostela, e pode durar até 6 dias.

E eu vou contar em próximo post sobre essa caminhada, que me deu muita vontade de fazer. Eu já tinha uma enorme vontade de fazer a de Santiago de Compostela (e continuo tendo), mas essa, bem… tocou no coração, sabe? Sei lá, curti e quero voltar para fazer. Muito.

Mas antes de subir à cidade de Assis tem uma parada muito especial para fazer na cidade ao pé do monte, chamada Santa Maria Degli Angeli... E onde começam também os passos de Francisco.

Catedral Santa Maria Degli Angeli

Ela é assim, imponente, como o são todas as da Itália.

Mas eu juro que pensei: visitar mais uma igreja? 🙁

Basílica de Santa Maria delli Angli

Pois é, eu e minha pressa… 😛 Foram dois motivos, devo dizer, que fazem essa igreja ser muito especial.

O primeiro motivo é outra igreja – que fica assim, uma dentro da outra. E o segundo foram três pombinhos.

a) A outra igreja

Importante: em nenhuma das igrejas de Assis é permitido tirar fotos.

Mas de fora, pode. 😉 E foi tirando de fora com o zoom que eu consegui tirar foto da Igreja da Porciúncula, essa aí debaixo:

Igreja reformada por São Francisco

Isso mesmo: a Igreja de Santa Maria Degli Angeli foi construída em cima da Igreja da Porciúncula – que, tirando esses afrescos dourados, permanece com a estrutura de pedras original de quando foi reconstruída.

E taí uma história bonita sobre isso… 🙂

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Contexto: uma rápida história sobre Francisco de Assis:

Francisco tinha o hábito de passar muitas horas sozinho, meditando, e por isso um dos seus lugares preferidos onde viveu era essa pequena Igreja, que ele restaurou com a ajuda de esmolas.

Por ter um enorme carinho por esse lugar, foi ali também que ele pediu que fosse levado antes de morrer.

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Pedido feito, e atendido. Bem ali do lado da igrejinha, está uma plaquinha indicando o local e a data onde morreu Francisco, aos 44 anos.

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Em tempo: essa foto não é minha – porque era proibido tirar fotos dentro da Igreja. Então, peço licença em pegar essa, de alguém que conseguiu tirar discretamente. Crédito da imagem: b.roveran

Reza a lenda 1: No instante em que ele faleceu, uma revoada de pássaros pousou sobre a cabana onde estava o corpo dele, cantando.

Reza a lenda 2: Como a placa diz, Francisco morreu no dia 3 de outubro à noite, mas pelas normas da época, por ser à noite já era considerado o dia seguinte. Por isso o dia de São Francisco é comemorado no dia 4 – e meu aniversário, também!!

b) Os pombinhos:

Existe uma espécie de tour dentro da Igreja de Santa Maria, que fizemos acompanhada pela nossa guia, Madalena.

E num dos corredores, a gente encontrou três pombinhos brancos, pousados tranquilamente. Daqueles que saem de cartola de mágico, sabe?

– Existe uma linda história sobre estes pombinhos. – disse Madalena – Há relatos de que desde a morte de São Francisco, uma revoada de aves, entre esses pombos, passou a viver perto da antiga cabana em que ele morreu. Mesmo com a construção dessa igreja por cima da pequena capela, os pombos continuaram vindo, e se tornaram parte da Igreja. Eu trabalho aqui como guia há 8 anos e nunca vi um dia em que não houvesse pombinhos por aqui. Se uma família de pombos morre, no dia seguinte tem outras aves que assumem o lugar.

Explicação para os céticos: os pombos brancos são facilmente domesticados e tem o hábito de percorrer longas distâncias em vôo para voltar ao seu lugar de origem, seja do ninho ou de sua família. Por isso, são comumente usados como pombos-correios.

Mas vê-los, ali, tão acessíveis e tranquilos fazendo de casa a Igreja que presta homenagem ao que é considerado o Santo Protetor dos Animais… sei lá, eu gostei de ver. Achei bonito e condizente. Sou defensora de qualquer lugar que acolha com respeito e carinho qualquer um, seja pessoas ou animais.

 E dali, devidamente envolvidos pela história, seguimos morro acima para o centro de Assis.

 

O Centro de Assis

É preciso dizer: a cidade é uma fofura só.

Cantinhos de Assis 2

Cantinhos de Assis 3

Mas, mesmo assim, tem uma aura diferente – e você só percebe se for às outras cidades da Úmbria, como Perugia, Norcia ou Spoleto. Em todas essas, especialmente no verão, há uma espécie de aura de festa, com músicos nas ruas e cheiro de comida no ar.

Assis tem também uma delicioso comércio e gastronomia, mas a atmosfera reinante, de forma geral, é diferente… Menos festeira, sabe?

E isso tudo, especialmente, por causa dela…

Basílica de São Francisco de Assis

É ela o destino final de milhões de peregrinos, todos os anos – só a pequena cidade de Assis chega a receber até 5 milhões de turistas ao ano (para fins de comparação, o Brasil inteiro só recentemente começou a receber cerca de 6 milhões de turistas estrangeiros ao ano).

Mas até que o impossível acontece: com tanta gente entrando e saindo da Basílica, você consegue reservar alguns momentos de silêncio e apreciar a beleza dos belíssimos afrescos delas em paz.

E fazer, ainda, uma visita especial, porque ali dentro na cripta está o corpo de São Francisco de Assis, até hoje.

Vitral da Basílica de Assis

Vale dizer que o interior é proibidíssimo de fotografar. Regra que eu – feio isso – meio que desrespeitei.

Mas, se serve para minha defesa: eu não usei o flash, para não danificar os afrescos da Basílica. 

Basílica de Assis por dentro

Para quem é religioso, é um dos lugares mais especiais do mundo.

E para quem não é, também: nos afrescos lindíssimos nas paredes está a vida de Cristo, pintada por Giotto, um dos mestres da pintura italiana.

Afrescos da Basílica de Assis

E, ops! fotografei de novo! 🙁 Mas aí, eu obtive uma licença especial: a guia que estava conosco conhecia o profissional chefe responsável pela restauração os afrescos, e ele estava lá trabalhando. Uma pequena licença para dar atenção à gente e, pronto – tive 10 minutos das melhores aulas de Arte e História da minha vida!

Restauarador de afrescos na basílica de são francisco

Não me lembro – desculpem! – quantos anos ele estava trabalhando exclusivamente na Basílica. Entre 20 e 40 anos, talvez? Era um número redondo assim, e a paixão com que ele falava de cada parte do processo de restauração denunciava a longa experiência e fazia a gente se encantar pelos afrescos que estavam ali.

O trabalho, segundo ele, é contínuo: os piores inimigos dos afrescos são a luz dos flashes (por isso, a proibição de fotos) e a umidade causada pela respiração das pessoas que visitam a igreja, diariamente.

– E vocês já pensaram em, sei lá, colocar uma entrada de ingresso? A simples cobrança já inibe um certo contingente de pessoas para entrar, e aí vocês conseguem preservar um pouco mais os afrescos, não? – perguntou o grupo.

– Eu já pensei nisso. A Igreja, não – ele responde, sorrindo – embora, estamos estudando a viabilidade de fazer isso na nave superior, onde há uma quantidade de afrescos, mas o local não possui a mesma importância que a nave principal. Assim, a gente inibe a entrada de curiosos, porque os fiéis vão entrar mesmo, e conseguimos preservar por mais tempo os afrescos.

– E se limitar o número de pessoas a entrar aqui por dia?

– Isso não – ele respondeu –  Porque acima da arte está a fé. E para que os fiéis tenham sempre as portas abertas, nós vamos continuar restaurando. Sempre.

E, sorrindo, pediu licença e voltou aos seus pincéis.

E eu fiquei ali, achando lindo a fé, o amor pelo trabalho e tudo isso junto e misturado.

***

Do lado de fora da basílica há um jardim lindo, com a vista da cidade – que é mais bonita com a luz do sol.

E no chão, a palavra “Pax”, ou “Paz”, frequentemente usada por Francisco.

Por isso, talvez, a enorme simpatia pelo santo mesmo de quem não é religioso. Que está mais do que nunca lembrada agora, em tempos de Papa Francisco, cujo nome mostra as raízes franciscanas de uma simplicidade carinhosa e que adota um discurso que é para as pessoas, e não só para a Igreja.

Até porque, convenhamos: não há nada mais universal do que desejar paz a alguém ou ao mundo, não? 🙂

Jardim da Basílica de Assis

No jardim, uma escultura do “Cavaleiro Regresso”, que simbolizava o jovem Francisco que, antes de se converter, havia ido lutar na guerra contra a Perugia, sido preso, e na prisão tendo começado a ouvir o chamado para voltar à Assis e começar o seu trabalho.

Estátua de Francisco ao voltar da guerra

A Igreja de São Damião

Taí uma dica: a Basílica de São Francisco é rapidamente acessível a pé, do centro. Mas os outros locais precisam de carro, e há algumas restrições de circulação aos carros dentro da cidade.

Então, a melhor forma é conseguir um táxi dentro da parte histórica de Assis, especialmente se você dispõe de pouco tempo na cidade.

Alguns minutinhos de táxi, numa encosta verde bem bacana, está a Igreja de São Damião.

“Mais uma Igreja?”, pensei. E você também, confessa, vai. 

É. Mas essa tem uma história legal, ó… 🙂

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Contexto: os primeiros passos de Francisco de Assis:

Antes de se dedicar ao trabalho de caridade, Francisco era filho da mais rica família de mercadores de Assis. E muito jovem, começou a ter questionamentos de qual era o caminho a seguir. Um dia, ele ouviu uma voz que dizia: “Vai, Francisco, e reconstrói a minha igreja”. Ele interpretou, porém, que a voz se referia a pequena Igreja de São Damião, que estava em ruínas. Então, ele começou a pedir esmolas na cidade – o que foi um choque para sua família, que era poderosa – para reconstruir a igreja, na época era bem afastada da cidade.

Era também ali que ele foi morar após renunciar em praça pública à herança do pai – e devolver todas as roupas em nome dessa renúncia – para se dedicar ao seu novo trabalho.

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Por isso que, antes mesmo de chegar na Igreja, a gente passa por um agradável caminho cheio de pés de oliveira, com uma vista linda que dá para o resto de Assis.

Ali, eu entendi porque Francisco, quando era vivo, ia muito para lá para meditar. Eu faria o mesmo. 🙂

São Francisco meditando

Chegando lá, a gente já vê vários frades franciscanos, com suas batinas marrons – e eu já começo a gostar mais ainda, porque sempre achei esses frades de uma simpatia-é-quase-amor impressionante.

Inclusive, nas palavras. Estávamos em um grande grupo, cheio de brasileiros, e como normalmente como manda o estereótipo verde e amarelo, o grupo perdia às vezes a noção do volume e falava alto, e sempre ao mesmo tempo. Um banzé só.

Ok. Acontece nas melhores famílias.

Mas a falatório foi ficando meio alto, chamando a atenção de um jovem frade, que olhou para a gente. Calamos a boca na hora, envergonhadíssimos. A guia, super sem graça, pediu desculpas pelo nosso (mau) comportamento, e alguém do grupo ainda completou algo como “não liga não, brasileiro está sempre falando alto!”

– Tudo bem – o frade sorriu, numa docilidade impecável – vocês tem o carnaval no sangue.

E eu, achei lindo. Chegando à conclusão de que é a gentileza que ainda vai salvar o mundo.

Mosteiro de Santa Clara 2

 E mais um motivo para a visita: foi nessa igreja que Santa Clara foi morar, após ser inspirada pelas idéias de Francisco de Assis e ter, ela também filha de uma família rica, renunciado à fortuna da família para viver de uma forma simples. Ela fundou a Ordem das Clarissas – minhas xarás! – e veio morar nesta Igreja. É aqui, também, que está assinalado o lugar onde Clara faleceu.

Mosteiro de santa Clara

A visita é de uma simplicidade só: jardins internos mostram as áreas onde as freiras se dedicavam a estudar, rezar e cuidar do jardim e da horta. Dizem também que daqui,Santa Clara fez um milagre, impedindo a invasão de Assis pelos sarracenos.

Milagre ou não, a verdade é que Assis nunca foi invadida. Nunca. Tá lá na história. Vê lá.

 

Eremo della Carceri

Outro lugar para ir de carro, pois fica numa subida de cerca de 4 km de Assis, na floresta do Monte Subásio, e era um lugar que São Francisco encontrou e para onde ia com frequência para meditar.

É uma estátua dele, inclusive, que nos dá as boas vindas na entrada.

Estátua São Francisco de Assis

Uma rápida história:

– Sabe, eu acho que sou um homem de muita pouca fé – disse Vinícius, o jornalista que estava conosco, enquanto andávamos em direção à gruta.

– Ué, por que?

– Ah, sei lá. Eu ainda não engoli aquela história do pombinho, sabe? Tô até agora pensando nisso. Não, sério: você acha mesmo que os pombinhos estão lá por mágica, por milagre? Sei lá, eu acho que cortaram a asa daqueles pombinhos, ou prenderam eles ali… alguma coisa tem por trás daquilo.

Pensei um pouco. Eu tinha achado os pombinhos uma fofura.

– Humm, não sei, sabe? Os pombinhos pareciam tão bem, tão felizes. Sei lá, você vê quando um animal é maltratado, e não parecia o caso. Pode ser que eles estejam ali porque se sintam protegidos? Sei lá, aquele lugar tem uma energia boa, e se energia boa atrai gente, porque não atrai bicho também?

– Hummm, sei não. Ainda não me convenci.

– É, tá certo. Você é jornalista mesmo. Tem que desconfiar de tudo. 🙂

– Não é? Pois é!

***

Foi ali, no alto do monte, que Francisco viveu em grutas escavadas na caverna, em simplicidade absoluta, se dedicando a rezar e a contemplar a natureza. Muitos outros frades se juntariam a ele nesse modo de vida.

Estátuas na Gruta de assis
Estátuas simbolizam os padres em contemplação da natureza, e ao fundo, a contrução recente que recebe os visitantes e abriga alguns frades que moram por lá.

Hoje há uma pequena construção nos arredores da antiga gruta, que serve de recepção para os visitantes e para outros frades franciscanos que moram lá. E na construção, há uma entrada para a gruta em si, pequena , estreita e com o teto baixo, em que é preciso se curvar para chegar lá.

E lá dentro, demarcado com pedras, a cama de Francisco de Assis; uma pedra serve ainda de travesseiro onde ele dormia.

– É ali, meus amigos – disse um padre que estava no local – por onde se chega onde dormia Francisco.  A porta é estreita e o caminho é difícil, então entendam isso como uma metáfora da vida dele. Para chegar a Francisco, é preciso que a gente se abaixe, se encolha, se torne pequeno para passar por essa entrada, e descobrir-nos, assim em uma simplicidade absoluta e um puro amor.

Estátua de São Francisco admirando os pássaros
Em tempo: essa estátua de Francisco fica no bosque, e não na gruta onde ele dormia (na gruta há apenas pedras e um vaso de flor), mas expressa bem a idéia dele de simplicidade e contemplação.

E com isso, eu confesso uma coisa para vocês.

Estive, durante algumas viagens, em alguns lugares considerados sagrados.

Em Éfeso, Turquia:  fui visitar a casa de Maria, mãe de Jesus. E já na fila da entrada eram várias pessoas com lenço para cá, choro para lá, em comovida emoção. Eu, sei lá, não bateu.

Vaticano, Itália: passeando na Basílica, vi algumas senhorinhas de rosto vermelho, emocionadas, agradecendo a Deus por estarem ali. Eu, ali, continuava grata à vida, mas sei lá, não batia essa emoção toda.

Igreja da Boa Vontade, Brasília: quando fui, lembro de ter visto uma senhorinha passando mal de emoção, outra quase em prantos de alegria. Eu, nada.

Nas Pirâmides de Egito: Estou conversando com a minha prima. Viro e vejo as pirâmides pela primeira vez. Acho lindo. Viro para ela. Que está se debulhando em lágrimas. Eu volto a olhar para a pirâmide para ver se eu perdi alguma coisa que deveria me fazer chorar também.

Ou seja, tinha horas que eu achava que devia ter uma coisa muito errada comigo. Tipo, todo mundo tá vendo algo que eu não tô?

Ou eu tenho uma pedra de gelo no coração? 🙁

Mas ali, na gruta de Francisco e nos bosques ao redor, verdes e de uma paz indizível, eu senti a garganta apertar. Pela primeira vez. E sem explicação.

Trilhas nas montanhas de Assis

E não sei explicar porque. Era um aperto emocionado, mas era bom. Não sei se era por Francisco, pela gruta, por mim, pela paz mundial ou tudo junto e misturado.

Mas eu tava feliz. Como jornalista de viagem, eu sempre tive curiosidade se encontraria um lugar que me emocionasse para valer. Só pelo lugar. E, da forma mais simples e inesperada, eu encontrei.

Só sei que a guia, ali, chorou também, enquanto lia um poema de Francisco para a gente (que fique claro, os poemas de Francisco de Assis fazem parte da literatura mundial e não só religiosa, pois ele foi o primeiro a escrever para o público em italiano popular).

Educadíssima e super profissional que era, nos pediu desculpas, porque guia de turismo não pode fazer essas coisas. Mas confidenciou-me a razão:

– Clarissa, desculpa. Isso nunca aconteceu comigo, mas dessa vez teve uma razão. Ao ler o poema (que estava em italiano), eu me lembrei que eu tinha versão dele em português que sempre levava na carteira. Mas que dei para um casal de brasileiros que acompanhava na última vez que eu vim aqui. Eles estavam em uma viagem pessoal, porque tinham acabado de perder o filho, jovem, num desastre de avião. E ao ler para vocês, eu me lembrei deles e me emocionei,  pois estavam numa busca particular de um sentido da vida após uma tragédia como essa.

Eu não só desculpei, óbvio, como achei a história linda. E fiz questão de contar aqui.

***

E por isso que eu achei Assis linda, de um encantamento absoluto. E idem para Francisco de Assis. Porque ambos são cheios de histórias.

E as pessoas que peregrinam são, de certa forma, histórias condensadas. Templos individuais.

Lembro de um texto lindo que eu li que dizia que a palavra em latim“templum” significa uma parte “que se recorta do céu e da terra” – e que era daí que os profetas das religiões realizavam profecias, baseadas na observação de pássaros, rios, ventos.

Daí vem a contemplação, em que “Contemplar = construir templos”. Característica principal de uma peregrinação – ou, se quiser, de um momento religioso.

E de acordo com esse texto (belíssimo, de Gonçalo Tavares), contemplar é “selecionar a parte do mundo que pode nos ensinar. (…) é ter um olhar suficientemente atento e profundo para fazer, daquilo que se observa, algo sagrado”.

E é nas viagens que, como diz o texto, conseguimos contemplar e “encontrar o bocado de terra ou de céu que torna mais claro o caminho dos anos seguintes.”

Nesse contexto, eu entendo as peregrinações. As viagens. As buscas pessoais por significado.

Entendo Francisco de Assis, que fala de paz e simplicidade.

E se encontrar essa paz e esse templo em nós mesmos não for uma espécie de religião, eu não sei o que é.

 

***

Voltávamos silenciosos e tranquilos para o jantar no hotel. Quando…

– Clarissa.. – disse Vinícius.

– Oi.

– Eu acho que eu entendi o lance dos pombinhos, agora…

😉

Esta blogueira que vos fala foi à região da Umbria, na Itália, convidada pelo Ministério do Turismo, integrando a delegação brasileira que fez parte do projeto Brasil Próximo, de colaboração entre Brasil e Itália. O objetivo foi conhecer melhor os atrativos turísticos da região, mas todas as opiniões, comentários e sugestões aqui descritas são genuínas, e representam a opinião da própria autora.

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Links para você organizar sua viagem a Assis:

Guia prático de onde se hospedar em Assis (e onde comer, se deslocar)

Onde se hospedar em Assis | Aluguel de carros na Itália

E mais: Táxi em Assis | Onde comer em Assis | Guias que falam português em Assis

Dica da guia que usamos: Maddalena D’Amico, que pode ser encontrada através do email magdamico@hotmail.it ou do telefone 0039.3494318976. Uma querida.

 

E mais posts sobre:

Umbria:

Norcia: a cidade-revelação do seu roteiro pela Itália

Esqueça o fast-food: Spoleto, na Itália, é para curtir devagarzinho

Perugia, Itália: um roteiro com muita “dolce vita”, jazz e chocolate

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Itália em Pílulas: o melhor sorvete de mentira do mundo e um museu de tortura para americano ver

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Degustando a Toscana, na Itália: passeios de carro, hospedagens em castelos e um sexto sentido viajante

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Cinqueterre revelada: dicas de hospedagem, comida, trilhas e “dolce far niente”

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Hospedagem, deslocamento, wi-fi e passes em Roma: um “test-drive” mastigadíssimo das dicas!

Comments

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

30 COMENTÁRIOS

    • Querida Clarissa Donda,acabei de ler sua história e achei maravilhosaaa!!
      Eu tb tenho um sonho conhecer Assis a Cidade De São Francisco de Assis.
      Não sou Católica,sou da Dotrina Espírita,e sendo assim,acredito em Reencarnação e descobri na Doutrina que em uma vida passada,poque sendo Espirita sabemos que ja tivemos muitas outras vidas,tive uma vida junto com São Francisco de assis e nesta vida que tive com Ele (São Francisco),tb estava junto comigo meu marido,que naquela outra vida não era meu marido era meu irmão.E juntos com São Francisco de Assis ajudávamos os pobres dando alimentos,roupas,e amparo aos doentes.Por isso tenho este sonho de conhecer o local que um dia em outra vida estive lá com Ele (São Francisco).E lendo sua história e vendo vc dizer que ja foi em varios lugares e viu tantas pessoas se emocionarem e vc não achava motivos pra se emocionar, eu sendo Espirita, e me desculpe se vc não acreditar,mas eu acho pelo seu relato que vc se emocionou ao passar pelos lugares que Ele passou,eu acredito que vc tb deve ter tido uma vida junto com Ele…Só pode ser esta a explicação do seu nome, e da sua emoção ao visitar a Cidade. Um beijo pra vc e parabéns pela sua linda historia! Laci

  1. Clá, super me identifiquei com seu relato sobre Assis. Senti a mesma garganta apertada e emoção à flor da pele quanto visitei a Basílica de São Francisco. E olha que já tinha passado por dezenas de outras igrejas pela Itália, inclusive o próprio Vaticano. Foi uma sensação inigualável, que me fez ir até a beira da cripta de São Francisco e ajoelhar aos prantos. Até hoje guardo essa lembrança e ler o seu relato me trouxe toda a emoção daquela ocasião novamente. Realmente é uma cidade pra voltar. Beijão, Aline.

  2. Cara Clarissa! Pace e bene! Amei toda sua aventura por Assis e as fotos lindíssimas! Estive lá em agosto/2012 e também senti a mesmíssima emoção, com o “agravante” que sou católica e devotíssima de São Francisco rsrs Ficamos 5 dias em Assis e quando fomos embora, não pude conter o choro e uma incrível saudade desde logo apertou meu coração… Espero voltar lá em 2015 e, se São Francisco me ajudar, ficar um bom tempinho por lá 😉
    Abraço e parabéns por seu trabalho e sua coragem de rasgar seu coração no post 🙂

    • Elen, fico feliz de que gostou! Ir a Assis foi bem especial para mim sim, e só lamento ter ficado apenas um dia, pois fui a trabalho. Tenho vontade de voltar e fazer algumas das travessias a pé que ele fazia, pois cresci com as histórias dele, e esse post foi uma tentativa de explicar o quanto o lugar e ele foram mágicos durante a visita – e de uma forma que vai muito além de religião, já que muitos que estavam comigo nunca foram muito religiosos mas também se sentiram tocados!
      Obrigada pela mensagem e pelo carinho! Torço para que você volte lá, Assis merece muito a esticada, com calma!

    • Bia, demorei tanto para responder! Desculpa! 🙁
      Olha, espero que você tenha adorado sua visita a Assis, é uma cidade especial demais! Realmente, foi um pouco dos lugares que mais me tocaram!
      Você sente o Chico em todos os cantos! 🙂

  3. Clarissa, estou planejando uma viagem e Assis esta no roteiro,
    Entrei no seu blog pela primeira vez e nunca comentou em blogs… mas seu relato me emocionou. Não tenho uma religião definida, mas acredito muito na troca de energia entre as pessoas, com gentileza, amor e carinho e senti uma vontade enorme de agradecer você por esse post. Espero sentir essas mesma sensação que você teve ao visitar essa cidade. Uma pessoa boa como foi Francisco de Assis deixa essa energia no ar por onde passou.
    Parabéns pelo blog.
    beijos com carinho, Marjorie.

  4. Ola Clarissa, Lindo demais o seu post!
    Sou apaixonada por São Francisco, apesar de não ser muito religiosa. Acredito nele pelo grande exemplo de ser humano que foi e como podemos ser melhor aprendendo um pouquinho com este grande Ser.
    Uma pergunta: vou passar por Assisi em Outubro, mas apenas 1 dia também. Será que consigo um guia que fale portugues ou espanhol? A guia que te levou trabalha por lá? Consegue me dar referências de guias?
    Obrigada!
    Beijos

    • Oi, Camila!
      Tem a guia que nos levou lá – ela é italiana e natural de Assis, apaixonada pela cidade e fala ótimo português! Foi encantador o trabalho dela, super recomendaria. Você pode tentar falar com ela direto através de email (magdamico@hotmail.it ) ou do telefone (0039.3494318976). O nome dela é Maddalena D’Amicco.
      Se ela não puder, tem outros guias que você pode contratar através deste site (http://www.assoguide.it/), que não tem bandeirinha do idioma português mas eles trabalham com esse idioma sim (é tipo a associação de guias de turismo de lá). Mas se você puder falar direto com a Maddalena, melhor ainda, ela é uma querida e sabe passar a delicadeza da história da arte e da religião ali.
      Espero ter ajudado, e aproveite Assis (quero muito voltar lá!).

  5. Acabei de sair de Assis e senti tudo isso também! E olha que eu sou meio difícil de se deixar emocionar …
    A paz naquela igrejinha é algo inexplicável, tem que sentir …

    Amei seu jeito de escrever, deixou o que já é lindo muito mais interessante!

  6. Clarissa, olá! Há anos que leio posts e blogs sobre viagem, mas nunca gostei de nenhum texto. Sempre iguais, sempre apontados para o Ego. Mas, lendo o seu texto, me identifiquei muito mesmo, Parabéns pela forma que expressou sua emoção! Estou indo amanhã para Assisi, e vou com o espírito diferente! Um grande abraço!

  7. Clarissa, boa tarde! Sem nem msm ter ido a Assis(o que farei em junho/2016) pude experimentar um pouco da paz que existe lá(o restante sentirei qdo tiver pisando naquele território sagrado), tão sincero e transparente foi sua descrição. Conforme ia lendo, me colocava diante da situação, qdo vc falou da gruta que ele viveu e que tinha necessidade de se curvar para entrar, senti até um pouco de craustofobia, mas acho que vai valer a pena visita esse lugar, sua narração foi fantástica. Pude sentir tbm uma profunda emoção . Uma pergunta. Indo de carro tem algum hotel mais pra fora da cidade onde posso ficar, pois vi que carro particular não pode entrar na cidade ne. Obrigada pela sua sensibilidade em relatar pra gente sua experiência pessoal. Paz e Bem. E que belo dia pra nascer! Francisco e Clara intercedam por ti.

    • Oi, Derli, tudo bem?

      Obrigada pela sua mensagem! 🙂 Lindas palavras!

      Pois é: o momento de entrar na gruta foi precedido por essa metáfora que nos contaram na hora – e que acho que foi fundamental para a gente contextualizar a importância do lugar (porque do contrário, tudo o que a gente vê é uma caverna de pedras). Eu não gosto de lugares apertados também, mas é impressionante como, sei lá, ali tudo passa, sabe? A claustrofobia vai embora, o cansaço também, a gente fica renovado… Veja pelos depoimentos aqui neste post como outras pessoas se sentiram assim!
      Sim, carro não pode entrar no centro histórico, mas há alguns hotéis ao redor da subida. Eu fiquei em um na cidade de Santa Maria Degli Angeli, perto de outra catedral onde ele teve o chamado dele (está no post também). De lá dá para ficar de carro e subir até Assis (e estacionar o carro em uma das pracinhas por lá, antes de subir a pé até a Basílica).
      Eu fiz esse post com dicas de hospedagem – veja se a ajuda: http://www.dondeandoporai.com.br/assis-em-dicas-onde-se-hospedar-comer-e-como-se-deslocar-por-la/

      E você vai adorar ir em junho para lá: é verão, e as paisagens italianas são lindas!!!!

  8. Tive a oportunidade de conhecer e aproveitar dessa paz. Nossa seu texto me emocionou, mto bom relembrar de um lugar assim com suas palavras!! ???????????????? fora que precisarei voltar para conhecer lugares que não fui!

  9. Parabéns por tão linda matéria! Estive em Assis / 1994 ( em presente que a vida me deu) Claro qur fui em todas as quebradas… acampei perto da Gruta ” EREMO DELLA CARCERI ” por uma semana. Estando dentro da Igreja de Santa Clara (Clarissa), tive uma inspiração e compus uma música de nome: Amarelim

    Bem claro Clara clareia
    Clareia o meu camim
    Clareia Clara clareia
    Não me deixe andar sozim

    Quem canta faz clarear
    Eu quero ver amanhecer
    Santa Clara claro clareia
    Não me deixe esmorecer

    Bem-me-quer não me quer mal
    Bem-te-vi abre o camim
    Beija-mim flor de amor
    Beija-flor voa sozim
    Beija-mim flor de amor
    Beija-flor procura o nim

    No meu canto tem amor
    Quem faz o coro é passarim
    No jardim do Beija-flor
    Toda flor tem seu espim
    No jardim do Beija-flor
    Cada flor tem seu carim

    É noite de lua cheia – CLAREIA
    Claro Clara clareia
    Noite vira dia e não tem fim
    A flor e o amor sorriu pra mim

    Eu quero ver amanhecer
    Ver nascer lá no quintal
    Um girassol amarelim – beija-mim
    E eteceteras e tal

    Eu quero ver amanhecer
    Ver nascer lá do quintal
    O sol girando amarelim – no céu
    Que outro não tem igual

    • Oi, Roberto!

      Que lindo, e que poema emocionante!! Obrigada por compartilhar! 🙂

      Acho o Eremo della Carceri de uma energia impressionante, a gente se sente leve, transformado, inspirado, sensível…
      Que bom que eu não fui a única a sentir isso!

  10. Clarissa, gostei muito do seu texto. Já visitei 2 vezes a cidade de Assis, pois sou devota de S. Francisco e amo muito sua estória e lição de vida. Sempre senti essa atmosfera especial de beleza e paz em Assis que não senti em outros lugares como o Vaticano, Efésios, na gruta onde nasceu Abrahão…Estou indo para a Itália novamente no mês de maio e já coloquei Assis no roteiro, pois desta vez vou visitar a cidade como deve ser visitada mesmo, como você o fez. obrigada pelas dicas. Estou doida para ver o bosque onde ele ia meditar. Muito lindo!!

  11. Olá Clarissa! Que lindo o seu texto sobre Assis! Parabéns pela sensibilidade e clareza! Em junho/2017 estarei indo pela primeira vez à Itália e Assis está nos meus planos, até por mais de um dia… Meu problema é que vou sozinho, com pouca grana e sem falar italiano, rsrs… Estou um pouco temeroso quanto à viagem, sobre quais cidades conhecer, como montar um roteiro fácil e econômico, dentre outras coisas… Vou ficar 13 dias. Gosto de misturar turismo religioso e cultural. Tenho 45 anos e moro no Rio de Janeiro. Prefiro conhecer menos lugares com mais tempo, calma, para curtir e aproveitar cada um deles. Gostei do seu post sobre a Úmbria (Perugia, Assis, Cassia, Norcia…) e tb gostaria de conhecer um pouquinho da Toscana (Florença, San Gimignano…). Além de Roma, que pretendo gastar uns 3 ou 4 dias… O que vc acha? Teria uma sugestão para me dar? Estou um pouco perdido… Obrigado. Um abraço.

    • Oi, Giovanni, tudo bem?
      Obrigada pela visita no meu blog! 🙂 Fico feliz que tenha gostado – eu também gosto muito deste post, acho que foi um dos mais intimistas que eu já escrevi, e lembrar da minha visita a Assis me toca até hoje.
      Quanto à sua pergunta: eu fiz três viagens pela Itália e acho que dá para fazer um roteiro econômico sim (numa delas eu estava bem sem grana), mas ainda assim eu não diria que a Itália um dos países particularmente baratos. Por outro lado, você não precisa ficar temeroso por viajar sozinho ou por não falar italiano – eu também não falo e, sim, tem horas que isso me fez muita falta, mas de forma geral dá para a gente se virar bem.
      O que eu diria é que, de forma geral, grandes capitais turísticas (Roma e Florença, no caso) são mais caras em geral em termos de hospedagem e atrações em comparação às cidades menores. É o mesmo que acontece aqui no Brasil, por exemplo! 🙂 Então, se você quiser montar um roteiro mais econômico, você pode dedicar mais tempo às cidades menores (como Perugia, Assis, Norcia). Não sei como estão os valores agora, mas eu me recordo, nas minhas viagens, da Umbria ser mais em conta que a Toscana e Roma. Você pode dedicar 3 dias a Roma e já partir para as outras cidades!
      Importante: tenha em mente que junho já é bem quente e alta temporada (particularmente, acho a Itália uma delícia nessa época), mas isso pode influenciar nos preços também. Eu economizei bastante fazendo compras no supermercado (eu comprava coisas para fazer piqueniques e comia nas praças, nos campos. Era uma delícia e a comida italiana é boa de qualquer jeito). Mas recomendo você reservar um dinheirinho para comer num e outro restaurante também, faz parte da experiência. Ah, e vinho, prove os vinhos italianos!!!
      A região da Umbria fica entre a Toscana e Roma, de modo que você pode fazer um roteiro redondo começando em uma e terminando na outra. Na minha primeira viagem eu fiz primeiro Toscana e de lá fui descendo a Roma (e fiz Umbria numa viagem só para ela, mas eu estava a trabalho). Acho que pode ser uma boa solução.

      Não posso afirmar categoricamente porque me falta mais informação sobre isso, mas a Umbria me pareceu mais religiosa em termos das atrações que as outras regiões – Florença floresceu por conta das artes e tem um peso artístico enorme também) e Roma, bem, é a capital. A Umbria também é menos badalada entre os turistas, e recebe mais fiéis mesmo. Eu, particularmente, gostei mais dela – mas não por causa do aspecto religioso, mas sim por ela ter esse ar menos pretensioso e menos “feito para turistas”.

      Espero que isso tenha te ajudado a dar uma luz sobre o roteiro! Dá uma olhada nos posts sobre a Itália que eu coloquei aqui no Blog – eu ainda estou arrumando a casa, mas tem alguns guias de como ir e como chegar, e você me deu a idéia de escrever sobre o meu roteiro, vou colocar isso na minha lista! 🙂 Obrigada!

      Espero que ajude!

      • Oi Clarissa. Muito obrigado pela sua atenção. Acho que vou começar pela Toscana e ir descendo até Roma. Particularmente, também gosto mais de conhecer as cidades menores e absorver mais o cotidiano do local. Mas as importantes atrações turísticas não podem ficar de fora. Suas dicas foram bastante práticas e valiosas. Também estou lendo outros posts do Blog para pegar mais dicas (leio os comentários das pessoas também, que sempre ajudam). Um abraço e muita luz para você!

        • Giovani, que bom que ajudei! Espero que sua viagem seja fantástica (será com toda a certeza!). Depois me conte aqui como foi??? 🙂 Ficarei curiosa!

  12. Olá, Clarissa! Quero te agradecer por me trazer de volta toda a emoção que senti em Assissi. Emoção que nunca havia sentido antes. Não sou católica, sou espírita, mas sempre nutri um carinho mais que especial por esse homem gigante. Eu fiz uma visita autônoma em um único dia e não visitei todos os lugares que você comenta. Mas quando em vi em frente às vestes humildes desse homem incrível, desabei, congelei, tudo mudou em minha vida. Eu sempre fui muito curiosa sobre a história de Francisco, sempre soube de suas escolhas, renúncias. Mas ver as vestes ali, materializadas, me fez ir à um estado que até então desconhecia.
    E hoje especialmente acordei pensando muito nele. Num momento de fragilidade e fraqueza, talvez. Aí decido ouvir Marcus Viana, que tem um disco todinho dedicado à Francisco. E chego ao seu texto (no meu trabalho, deveria estar executando minhas atividades, rsrsrsrs) e me deparo com o relato da mesma emoção que senti. Acho que precisava me lembrar disso. Então, gratidão! 🙂

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