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Se é no cotidiano das pessoas comuns que mais se conhece sobre um povo, seguem algumas curiosidades pingadas sobre os egípcios, retiradas de algumas andanças por lá!

Episódio 1 – No barco

Aswan é uma cidade ao sul do Egito e nas margens do Nilo, e é de onde saem a maioria dos cruzeiros pelo rio em direção a Luxor. É também um ótimo lugar para se andar de felluca, uma espécie de veleiro típica na cidade. E basta um passeio rápido de barco para um olho mais atento notar que, sempre, em todos os barcos, vão dois homens acompanhando os turistas: um conduz o barco e o outro ficava sentado na proa. Só.

Aí, lógico, vem a pergunta:

– Uma dúvida: porque todos os barcos têm dois homens, se só vejo um que está conduzindo?

– Porque os dois trabalham.

– Mas o que ele está fazendo? Só fica na proa, sentado, olhando para o nada.

O homem tira o seu cigarrinho da boca e responde:

– Um barco precisa de dois homens. Eu dirijo e ele reza.

Verdade. E, dias depois, entendemos o porquê – e não é piada. Existe uma prece muçulmana que é feita para os deslocamentos, ou viagens, de qualquer tipo, pedindo proteção ao viajante. Táxis carregam uma folha, parecida com um “santinho”, no vidro do carro. Elevadores tocam uma “música” toda vez que sobem ou descem. E por isso, portanto, barcos precisam de duas pessoas.

Bom, não soubemos de nenhum incidente com os passeios de barco enquanto estávamos lá. Concluímos então que os dois homens fazem direitinho o seu trabalho.

Episódio 2 – nos táxis:

Egípcios adoram tapetes coloridos e artigos de pelúcia para decorar os carros. No início, como no caso deste jipe que cruza pelo deserto, pode-se pensar que é um apelo para os turistas…

… mas aí é possível reparar em vários carros – sem ser táxi, inclusive – com isso. Essa foto abaixo, por exemplo, foi tirada num carro em Alexandria.

Depois, descobrimos a primeira razão: a pelúcia concentra nela a poeira do deserto e da cidade. Ou seja, é o terror para os alérgicos, mas ajuda o dono do carro a se sentir “um pouco”  mais limpo.

E a segunda razão: sim, eles gostam de coisas mega coloridas mesmo.

Importante: Reparem: ganha um doce quem achar quantos “cheirinhos” de carro tem em cada foto. E se acharem de modelos diferentes, peso 2!

Episódio 3: Com um remédio de nariz (relato pessoal)

Primeiro dia da viagem no Egito, ainda em Aswan. Ou seja, já sentindo os efeitos do deserto no corpo: pele esbranquiçada, desidratada e, principalmente, narinas ressecadas pela poeira do deserto. Calmamente, saquei meu Sorine da bolsa (sugestão é sempre levar um na bolsa), pinguei algumas gotinhas no nariz e entrei no museu.

Estava sendo observada e não sabia.

Estávamos passeando pelo Museu Núbio, uma das principais atrações da cidade, quando um rapaz educadamente me pergunta de onde sou (em inglês).

Brasil. Ah, que legal, bem-vinda. Obrigada.

– Com licença, mas eu poderia lhe fazer uma pergunta?

– Sim.

– Desculpe-me, mas antes de você entrar no museu, observei que você pingou um negócio no nariz. Para que serve?

– Bem… – demoro a responder, já sem saber onde a conversa ia dar.

– Estou perguntando porque costumo sentir muitas dores no nariz e na cabeça, e gostaria de saber se esse remédio serve para curar isso.

Sinusite, suponho.

– Não, não serve. Esse remédio é apenas para hidratar o nariz por dentro, que está ficando ressecado por causa da poeira.

– Posso ver? – Ele pergunta, com uma expressão curiosa.

Não tô gostando disso.

– Olha, posso até te mostrar, mas ele está em português, você não vai entender nada.

– Ah, mas por favor, eu queria ver mesmo assim.

Humpf. Não gostei. Mas entreguei o Sorine a ele.

Ele mexe daqui, mexe de lá, vê contra a luz. E sorri:

– Obrigado. Posso ficar com ele?

Há! Tá!

– Não, senhor, desculpe, mas não posso te dar, senão vou ficar sem remédio para o resto da viagem!

– Oh, claro, não, tudo bem, sem problemas! – ele se desculpa, com mil sorrisos, e ainda lança a melhor pergunta até agora – Posso usar um pouco agora, então?

E, com um sorriso solícito,  já estava com as mãos prontas para abrir a tampa do meu Sorine.

Eu, atônita, sem acreditar na pergunta (que ele fez, todo sério). E ele, na maior simplicidade, ainda me tranquiliza:

– Don’t worry. It is no problem for me!

– …

Só tive tempo de dizer um “excuse me, sr“, pegar o remédio da mão dele e sair correndo. E rir horrores. Depois.

Mas assim… só depois de alguns dias rindo do quão sem noção a pergunta dele tinha sido, finalmente entendi o raciocínio.

Que é simples assim: Ele é homem e eu sou mulher. E, ao contrário do que muitas vezes pensamos cá no Ocidente, os homens muçulmanos são extremamente respeitosos e educados com as mulheres (sim, verdade!). Só que, via de regra, os homens, como cavalheiros e protetores das mulheres, sabem o que é bom ou ruim, perigoso ou seguro e – neste caso – higiênico ou não.

E se ele, que é homem, disse que por ele sem problemas, por que raios, na cabeça dele, euzinha, mulher, ia achar ruim de compartilhar com o nariz dele o meu Sorine???

Foi bom para entender as diferentes percepções das culturas… Mas também rendeu uma boa história!

Episódio 4: Com os gatos

Como todo país, o Egito tem muitos animais de rua. Alguns cachorros, é verdade, mas o que mais víamos foram gatos. Não porque gatos sejam mais abandonados que cachorros. Mas porque existem em maior quantidade.

No Egito Antigo, os gatos eram considerados animais sagrados (muitos eram enterrados vivos, inclusive, junto com os faraós, como uma proteção para a outra vida). Então, chega-se a pensar que hoje talvez a presença deles tivesse uma razão semelhante.

Nada disso. São dois motivos. O primeiro é lógica pura: o Egito tem muito rato. Então, onde há muita comida…

E o segundo é religioso: cães são considerados animais impuros. Então, você pode até ter um cão, mas só se tiver um quintal – o cão não deve dormir na mesma casa que você. Em apartamentos, portanto, não é permitido. Por isso o animal de estimação mais comum acaba sendo o gato mesmo.

Episódio 5: Globalização X Local

Sim, comemos no MacDonald’s. E o lenço faz parte do uniforme das meninas (que, aliás, são umas fofas e adoram tirar foto!).

E o lanche principal é o MacArábia, com kafta de carne ou frango (a escolher) servido com salada no pão árabe.

Episódio 6: Na religião (presente a todo momento)

Todo dia, no Egito, toca uma espécie de alarme por toda a cidade (isso onde quer que você esteja), saindo das mesquitas e convidando para as cinco preces diárias.

E, em todo lugar, seja restaurante, ou barco, ou aeroporto, ou loja, tem um tapete e um cantinho para as orações. E eles respeitam os horários, assim como também respeitam os mandamentos do Alcorão, como ser bom hospitaleiros, por exemplo. Então, se você estiver num restaurante almoçando, e soar o sinal da prece, o dono fará questão de serví-lo e trazer todos os pratos à mesa (que estarão fumegantes e deliciosos). Vai te perguntar se você precisa de mais alguma coisa. E, se não, ele vai pedir licença por alguns minutos, ir até o cantinho dele, e rezar. Enquanto isso, alguém da cozinha se reveza no atendimento.

Não cabe fotografar esses momentos, por uma questão de respeito. Mas é um momento de devoção e fé bonito de se presenciar.

E todos respeitam este momento. Tudo só acontece antes ou depois da prece – até os protestos. Tanto que, semanas depois, quando estourou a revolução no país pedindo a saída de Hosni Mubarak, não raro circulavam fotos de preces coletivas em meio a tanques de guerra.

 

Comments

9 COMENTÁRIOS

  1. Muito curioso Clarissa, tb adorei. Hilário e sem noção mesmo o caso do Sorine! É ótimo conhecer um pouco mais da cultura de um povo tão diferente da gente quanto este!

  2. Olá Clarissa, muito bacana e divertido o post, estou passeando pelo Blog e me encantando com todos os relatos, parabéns, a um ano criei um blog p registrar minhas andanças, já que os diários de papel ficaram p as baratas rsrss, e minha memória não me favorece nem um pouco, é muito bacana ampliar nossos horizontes, estarei aqui aprendendo mais! Bjooos

  3. Clarissa, hj resolvi comentar todos seus posts! kkkk. O Egito foi a primeira viagem internacional que fiz sozinha, foi um enorme desafio estar lá sozinha, aos 23 anos, mega inexperiente de tudo mas graças a Deus foi tudo lindo e maravilhoso. De todas as histórias do post a que mais de identifiquei foi do taxi!! hahahaha. Por acaso vc pegou algum lá que no banco da fte o motorista levava o filho?? Peguei um que levava o filho no banco da fte, ele me disse que era pra ele passear um pouquinho… aiai, esses egipcios!

    Bjocass

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