Eu já… E explico.

Eu estava com alguns amigos num barzinho de Recife, quando um deles dá a deixa misteriosa:
– Véio, já “tomasse” um côco com arte?

Não, lógico. Então vem a explicação:

– Existe um quiosque na Praia Boa Viagem, exatamente antes ao quiosque “Point do Açaí”. Chegue lá e só diga isso, véio: “Quero um côco com arte!”.

Não consigo reproduzir o sotaque de lá, que eu adoro.. Enfim.

Movidos pela curiosidade, fomos. Chegando lá, o tal quiosque é bem simplezinho, exatamente igual a todos os outros milhões que existem por lá – salvo, é claro, que fica ao lado do Point do Açaí, que é relativamente conhecido pelos locais e facilmente identificável, uma vez que fica lotado de gente (point) e serve açaí (dãã).

Ah, lógico. Não havia nenhuma menção a absolutamente nada com arte. Chegamos, então, no moço que estava servindo e demos a senha: “Moço, é aqui que tem o côco com arte?”.

Ele olha para a gente desconfiado, e pergunta como a gente sabe disso. Como ele estava com um facão de côco na mão, achei melhor responder logo, e disse que foi indicado por um amigo. Ele (que descobrimos depois se chamar “seu” Marcos) balançou a cabeça e disse que sim. Pedimos um.

Ele levou alguns minutos escolhendo e apalpando o melhor côco (como se estivesse escolhendo uma, sei lá, tangerina!) e começou a fazer, descascando com uma faca a casca verde do côco aos poucos. O côco parecia uma laranja na mão dele.

Ah, sim! As fotos não estão com “aqueeeeeeela” qualidade porque são de celular. Nem sempre dá para estar tecnicamente preparado para flagrar coisas assim.

O processo levou alguns minutos, e o côco ia ficando cada vez menor, e mais modelado na mão dele. Dois casais que estavam perto da gente pararam de conversar e ficavam prestando atenção. Silêncio.
 E de repente, começa a surgir, por baixo daquela casca cor de creme do interior do côco, o recheio, branquinho, branquinho. E o “Seu Marcos”, com todo cuidado, começa a tirar em rodelas o restante da casca cor de creme, até que restasse apenas a base do côco, feita de casca, e o recheio de côco branco, mole, frágil, como se fosse uma bola de sorvete.

Ele me entrega junto com um canudo e diz, simplesmente: “Fure de lado e beba rápido.”

Eu, obedeço. E ao furar a camada fina do côco com o canudo, tem que beber rápido mesmo, senão a água começa a escorrer. E, bebendo, a carne do côco simplesmente murcha, como se fosse uma bola de encher.

Maneiríssimo!!!

E aí é só pegar a colher e raspar o resto! Super diferente!

Claro que, a esta altura, o “seu Marcos” estava todo satisfeito, orgulhoso da minha cara embasbacada para a criação dele. Fui pagar, então. E ele me responde:

– “É” dois reais mesmo. A arte eu faço por gosto.

É… parafraseando o Mastercard: o côco na praia pode até ser dois reais, mas a arte, definitivamente, não tem preço!

Comments

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

6 COMENTÁRIOS

  1. Cla, adorei os posts! e tadinha das fotos, pelo menos quebraram um galho né????
    Mas quero deixar minha reclamação que os créditos foram todos pro Felipe quando eu era que sugeria a ele o local! hahahaha Eu era o “cérebro social” da relação muié! A parte de felipe era a cultural! =P

    beijosss

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