A primeira vez que eu ouvi falar sobre vinhos verdes foi num papo com um português, na época meu chefe, quando eu trabalhava no departamento de marketing do Duty Free. Isso tem tanto tempo que sinto quase como se fosse na encarnação passada.

Mas o que me lembro bem é que, na época, a expressão “vinho verde” me causou estranheza, sendo uma pessoa que até então só sabia que o mundo se dividia entre tintos e brancos. Porém, ele não soube me dar detalhes do que era de fato um vinho verde, e considerando que desde então eu tive pouquíssimo contato com vinhos verdes no Brasil, o assunto caiu no esquecimento.

Ou quase. O vinho verde só viria à tona (e, melhor ainda, à taça) no início de 2016 numa viagem ao Porto. Eu dou detalhes sobre o making of da viagem no final deste post mas, resumindo uma longa história, eu descobri que o vinho verde é típico da região do Minho, no norte de Portugal, e resolvi estudar mais sobre ele. E descobri duas coisas importantíssimas: a primeira é que muita gente (muitos portugueses, inclusive) continuavam sem conseguir ainda explicar o que é um vinho verde.

Em tempo: eu explico o que é vinho verde aqui!

Olha que louco: Vinho verde pode ser tinto. E pode ser bebido em “cumbuca”, ao invés de taça. Mas afinal, que vinho é esse?

E a segunda é que vinho verde é muito bom, e vem de uma região linda demais, e cheia de histórias super interessantes, mas ainda assim é bastante desconhecido – especialmente quando comparado com a fama do primo mais novo, o vinho do Porto.

Ou seja: a idéia de montar uma rota pela região do Vinho Verde, redondinha e facilitada para quem vem do Brasil, foi um projeto irresistível. Embarquei nele com tudo.

Este é o último post da rota, com o compilado completo de mapas, dicas e links de cada passo, cidade e quinta que vale a pena ser visitada, e que é também uma chance redonda de explorar o norte de Portugal a partir do Porto: ver os segredos e o carinho do Minho, bem menos badalado do que o já famoso Alentejo, mas inegavelmente apaixonante.

Espero que gostem! 🙂

 

O roteiro completo

Nossa idéia era fazer um roteiro com início e fim em Porto, para ser algo redondo e logisticamente fácil de executar, ou ainda combinar com o norte da Espanha. Depois, descobrimos que ficava super fácil combinar a Rota do Vinho Verde com a região do Douro, e resolvemos incluí-la no roteiro.

Resultado: ficou redondinho. Nosso roteiro acabou mais ou menos assim.

Fizemos isso em 7 dias e em seis pernoites, partindo do Porto de manhã e dirigindo direto a Melgaço em uma tacada só (foram 154 quilômetros) para de lá ir descendo e parando com calma. Preferimos fazer assim por questões de agenda e porque queríamos deixar o Douro por último (já que o foco eram os Vinhos Verdes). Mas quem quiser combinar essa viagem com o norte da Espanha, por exemplo, pode pensar em fazer o contrário!

Essa foi a exata divisão dos nossos dias:

1º dia: Começamos o dia no Porto. Retiramos o carro no aeroporto Sá Carneiro de manhã e pegamos a estrada em direção a Melgaço. Almoço na Adega do Sossego, seguido de visitas à Quinta do Soalheiro e Quinta do Folga de tarde. Pernoite na Casa das Pesqueiras, em Melgaço.

Leia mais: Conhecendo Melgaço, onde começa a Rota do Vinho Verde em Portugal

2º dia: Após o café da manhã, pegamos a estrada para Monção. Visita ao Palácio da Brejoeira. Pegamos a estrada de novo para Ponte de Lima, onde almoçamos no Carvalheira. Demos uma pequena volta por Ponte de Lima e seguimos para a Quinta do Ameal, em Ponte de Lima. Estrada de volta para dormir em Melgaço.

Leia mais: Palácio da Brejoeira, um passeio entre amores e vinhos

Quinta do Ameal: um sonho de hospedagem + vinhos espetaculares

3º dia: Fizemos o check-out da Casa das Pesqueiras e pegamos estrada para Guimarães. Almoço no Restaurante de São Gião e check-in na Casa Juncal, no centrinho histórico de Guimarães. Tour à tarde pela cidade de Guimarães. Pernoite e descanso na Casa Juncal.

4º dia: Após o café da manhã, pegamos a estrada para Braga. Passeio rápido pela cidade. Almoço no Restaurante Arcoense. Na parte da tarde, visita ao Mosteiro de Tibães, em Braga. Estrada de volta a Guimarães e pernoite.

Leia mais: Guimarães e Braga em 1 dia:dica de um tour a partir do Porto

5º dia: Café da manhã e check-out da Casa Juncal. Estrada para Amarante. Paramos para visitar a Casa de Cello, em Amarante, e depois seguimos para o centro histórico de Amarante. Passeio a pé pelo centro histórico, almoço e parada para café na Confeitaria da Ponte. Visita ao Museo Amadeo de Souza Cardoso. Pegamos o carro para o Monverde Wine Experience Hotel, check-in e participação no Enólogo por um dia. Jantar e pernoite no Wine Experience Hotel.

Leia mais: O que fazer em Amarante em um dia

Enólogo por um dia: como é fazer o seu próprio vinho verde

6º dia: Café da manhã e manhã preguiçosa no Monverde Wine Experience hotel. Check-out e estrada para Sabrosa, na região do Douro. Almoço na Quinta do Portal, em Sabrosa, seguida de visita à Quinta. Dirigimos devagar para Pinhão (passando pela estrada 222, a linda rota que percorre o rio Douro). Check-in no Vintage House Douro. Jantar e pernoite preguiçoso!

Leia mais: Douro: Como ir, onde ficar e como combinar com a Rota do Vinho Verde

7º dia: Café da manhã e check-out do Vintage House Douro. Estrada para a Quinta do Aneto. Almoço na Estrada 222 (sugerimos o DOC) e visita à Quinta do Pôpa. Estrada de volta para o Porto e devolução do carro. Fim da viagem.

Como vocês notaram, o carro é elemento fundamental nessa viagem. Eu montei um gráfico abaixo com o nosso roteiro: repare que os ícones de carro indicam todas as vezes que pegamos estrada (ainda que curta), bem como onde foram as cidades dos nossos pernoites.

Eu só teria mudado duas coisas nessa rota: a primeira é que eu teria me hospedado uma noite em Melgaço e outra em Ponte de Lima. Isso teria diminuido nosso tempo de estrada no segundo dia, e teríamos ficado bem menos cansadas. E eu teria adicionado mais um dia no Douro, que merece e muito. Assim, minha estadia em Amarante não teria sido tão corrida.

Mas vale também dizer que este roteiro foi todo bolado a trabalho, e tentamos colocar o máximo de lugares e vinícolas no roteiro para poder escrever um post bem completo, bem como levávamos muito tempo em cada visita fotografando, entrevistando, escrevendo. Se vocês fizerem a rota, vocês vão num esquema muito mais gostoso, não há a sangria desatada de fazer o que eu fiz!

E para ajudar no que colocar ou cortar do roteiro, segue o passo a passo com todas as dicas compiladas!

 

A rota do Vinho Verde: o passo a passo

Melgaço e Monção

Porque começar aqui:

O que eu fiz foi dirigir direto do Porto a Melgaço numa viagem só (são duas horas de estrada) e de lá ir descendo devagar e parando pela rota. Achei vantagem nisso por uma questão de logística: o acesso a Melgaço e Monção via Porto é fácil, e começar por lá permite ir já chegar na área produtora das uvas Alvarinho, consideradas as “estrelas” dos vinhos verdes (Monção e Melgaço ficam dentro de duas rotas, a do Vinho Verde e a do Vinho Alvarinho).

Assim, a gente já começava a entrar no contexto para entender o que é vinho verde e sai de uma parte do país mais agrária (mas eu diria também que é bem o “Portugal de verdade!”) para a mais turística (Guimarães e Douro). É interessante perceber como a paisagem vai mudando nessa transição e as experiências, idem.

Agora, se você planeja combinar a Rota do Vinho Verde com a Espanha, ignore o que eu disse acima: faz mais sentido, neste caso, começar sua viagem pelo Douro e ir subindo!

Leia mais: O que fazer em Melgaço, onde começa a Rota do Vinho Verde

Como chegar em Melgaço:

Para quem vem do Porto de carro direto, a rota mais rápida é pegando a A3 em direção à cidade de Braga, e depois seguindo direto até a cidade de Valença, já quase na fronteira (você vai começar a ver várias plaquinhas para a Espanha!). Em Valença, vamos para a direita, pegando as variantes N101 e N202 até Melgaço. A viagem deve legar umas 2 horas – fique atento que esta estrada tem pedágios.

Info importante: dicas sobre os pedágios eletrônicos em Portugal

O que visitar em Melgaço e Monção:

Em Melgaço a quinta “must go” é a Quinta do Soalheiro, em Melgaço (o endereço é Charneca Alvaredo, mas eu recomendo jogar no GPS, é a melhor/única forma de chegar lá) e a Quinta do Folga, logo atrás. A Quinta do Folga é da mesma família do Soalheiro e é especializada em fumeiros, ou enchidos defumados de porco bísaro, uma espécie local. O lugar é um charme de lindo e a dica é reservar a visita junto com a Quinta do Soalheiro, e incluir a degustação dos enchidos e dos vinhos logo depois. O agendamento pode ser feito através do email quinta@soalheiro.com ou do telefone: +351 251 416 769.

Detalhe lindo da varanda da Quinta do Folga. As degustações são fantásticas aqui – reserve tempo!

Em Monção, a visita obrigatória é o belíssimo Palácio da Brejoeira (Pinheiros, concelho de Monção – o ideal é seguir o caminho do GPS também). Foram um dos primeiros produtores de vinho alvarinho (embora eu confesso que não gostei muito dos vinhos aqui), mas o palácio é uma visita importante para entender a história da região. Dá para chegar e tentar agendar um tour, mas o ideal é marcar com antecedência através do email: recepcao@palaciodabrejoeira.pt.

Detalhe lindo de morrer do Palácio da Brejoeira. O crédito da foto é do próprio palácio, porque não é permitido fotografar lá!

Além disso, vale a pena visitar o Castelo de Melgaço (fica na Rua do Castelo, 30), medieval e construído no século XII; o Solar do Alvarinho (jogue no GPS, também) que visa divulgar a história do vinho alvarinho (Mas se você não tiver muito tempo e precisar escolher, priorize a visita à Quinta do Soalheiro que é bem mais interessante). Para quem gosta de história e doces (não nessa ordem), uma dica é visitar a Igreja do Antigo Mosteiro de Fiães – reza a lenda que aqui que nasceu um dos doces típicos de Melgaço, o manjar doce.

Dica imperdível: se você estiver em Melgaço no final de abril, tente ir no Festival do Alvarinho e do fumeiro, que geralmente acontece nesta data. Em 2017 foi de 28 a 30 de abril, mas você pode conferir as datas atualizadas aqui.

Festival do Alvarinho deste ano: Foto de Rafaela Moraes, colaboradora aqui do blog e que deu a sorte de estar por lá na época!

Onde comer em Melgaço:

Um dos restaurantes mais apaixonantes da viagem ficava em Melgaço: a Adega do Sossego (Estrada Nacional, 301 – Km 4). Como a maioria dos bons empreendimentos de Portugal, o restaurante fica no mesmo imóvel onde era a casa do avó do proprietário, e as receitas têm essa caráter familiar. É como comer em casa, de verdade! As especialidades deles são o bacalhau e a galinha à cabidela (aliás, um aviso: no norte do Minho é muito comum pratos feitos com sangue de animais, como a nossa galinha à cabidela e o sarrabulho. São bem fortes, porém: fica a dica para quem gosta de um paladar bem temperado). Eu recomendo as alheiras de entrada e a cabeça fumada, uma espécie de entrada feita com porco deliciosa. Os pratos vêm em porções generosas e a preços excelentes.

Prato de vitela para 2: custou 20 euros, e não conseguimos comer tudo. Comidinha caseira deliciosa!

Outros restaurantes em Melgaço recomendados pelos locais: a Adega O Chafarix (Largo Amadeu Abilio LopesMelgaço), Adega do Sabino (Largo Hermenegildo Solheiro, Melgaço) e os restaurantes do Castro Laboureiro e Miradouro do Castelo.

Onde dormir em Melgaço:

Melgaço tem poucas e boas opções de hospedagem, e as melhores delas tem essa pegada de “aluguel de casa”, intimista e familiar – mas como a cidade é pequenininha, só 1 dessas opções fica bem no centrinho; mas as mais charmosas ficam mais afastadas (nada grave, porém – coisa de 10 a 15 minutos de carro).

Nós ficamos na Casa das Pesqueiras, de onde temos só elogios, mas é bem este caso de ser mais afastado do centro. É uma casa, tipo AirBNB, com três quartos gigantescos, piscina e uma cozinha deliciosa. É ótimo para quem vai com família, mas fica o aviso de que para ficar lá a permanência mínima é de dois dias. Não é um problema, porque eu recomendaria montar base em Melgaço por dois dias mesmo, para curtir com calma as quintas, mas se você quiser ficar menos tempo tem o Quinta da Calçada e o Solar do Castelo: ambos ficam bem no centrinho de Melgaço, mais conveniente, e são umas gracinhas também. Outras opções são a Casa da Cevidade, com ares de casa de fazenda, com lareira e ótimas instalações, e o Monte Prado Hotel & Spa, mais na linha spa com piscina aquecida e bom para quem quiser reservar um tempo para relaxar no hotel mesmo.

Quantos dias reservar para Melgaço e Monção: 

Dá para fazer Melgaço e Monção em um dia só? Dá, mas eu acho que fica corrido – especialmente porque a Quinta do Soalheiro, do Folga e o Palácio da Brejoeira, que definitivamente valem a visita, merecem ser degustados sem pressa. Sem contar que rola degustação de vinho nos três, e vinhos e direção não é uma boa combinação na estrada. Eu sugeriria pelo menos um pernoite na cidade – ou dois, como eu fiz, para quem quer montar base para conhecer o Castro Laboureiro, por exemplo.

Eu montei base em Melgaço para conhecer Ponte de Lima. Não foi ruim, mas eu teria feito diferente hoje: teria ficado uma noite em Melgaço e outra em Ponte. Explico melhor aí em baixo!

Entendendo as distâncias:

Abaixo segue um mapinha das atrações de Melgaço e Monção. O que está em verde são as vinícolas ou lugares que tem degustação de vinho, em vermelho estão os restaurantes e em amarelo, os hotéis e pousadas!

Quantos dias: 

Dá para fazer Melgaço e Monção em um dia só? Dá, mas eu acho que fica corrido – especialmente porque a Quinta do Soalheiro, do Folga e o Palácio da Brejoeira, que definitivamente valem a visita, merecem ser degustados sem pressa. Sem contar que rola degustação de vinho nos três, e vinhos e direção não é uma boa combinação na estrada. Eu sugeriria pelo menos um pernoite na cidade – ou dois, como eu fiz, para quem quer montar base para conhecer o Castro Laboureiro, por exemplo.

Eu montei base em Melgaço para conhecer Ponte de Lima. Não foi ruim, mas eu teria feito diferente hoje: teria ficado uma noite em Melgaço e outra em Ponte. Explico melhor aí em baixo!

Ponte de Lima

Porque ir para lá:

A região de Ponte de Lima é a zona demarcada para cultivo da uva Loureiro, que depois do Alvarinho é a mais utilizada em vinhos verdes. Produz vinhos deliciosos, tanto sozinha como quando combinada com outras uvas.

Além disso, Ponte de Lima é uma fofura de cidade que bem merece metade do seu dia. E dando tempo, super vale uma esticada até Viana do Castelo. Lá tem a Santa Luzia, que oferece uma vista linda de morrer. Eu não tive tempo de ir – mas vão e me contem para eu morrer de inveja (branca, claro!).

Como chegar em Ponte de Lima:

Para quem vem de Melgaço e Monção: pegue a variante N202 sentido Valença e, chegando lá, pegue a A3 até a saída para Ponte de Lima (1 hora de estrada mais ou menos)

Para quem vem do Porto: Siga pela A3 e pegue a saída para Viana do Castelo (55 minutos de estrada).

O que visitar em Ponte de Lima:

Ponte de Lima é uma cidade bem gracinha, e justifica algumas horinhas passeando pelo centrinho. E uma novidade é que, já que estamos no assunto de vinho verde mesmo, vale conferir o Museu do Vinho Verde (Rua da Fonte da Vila, 38), que abriu na cidade em 2016.

Mas eu recomendo, mesmo, é pegar o carro e seguir para alguns minutos nos arredores de Ponte de Lima e ir até a Quinta do Ameal. Porque se tem uma quinta com uma vista que é pura poesia, é essa. ?

Foi uma das quintas mais queridas da minha viagem, e um aprendizado sobre o que é Portugal de verdade: quanto mais nós nos embrenhávamos em apertadas ruelas rurais que mal existiam no mapa, maior era o nosso encantamento em descobrir um restaurante de família, uma fazenda centenária, uma experiência fantástica em termos de comida e de pessoas.  Portugal é isso: como os minhotos me descreveram, “é honesto, é família. Sem mariquices”.

A visita vale pelo lugar (lindo, especialmente no outono) e pelos vinhos do Ameal, fantásticos. A produção é séria e comendado pelo Pedro Araújo, da família proprietária dos vinhos do Porto Ramos Pinto, e portanto bastante entendedora do que faz. A Quinta do Ameal é especializada em vinhos brancos e já tem rótulos figurando nos menus mais caros de restaurantes de Nova York e Londres.

A Quinta do Ameal não oferece uma visita guiada às suas instalações de produção de vinho propriamente ditas – do tipo que você tem que pagar um preço certo, com certa duração e incluindo X degustações ao final. Tudo é agendado e acordado na hora com o Pedro, que vai fazer o possível para proporcionar a melhor experiência possível. Mas não pode chegar chegando: as visitas tem que ser agendadas, e uma dica é ligar para o Pedro antes de chegar, por telefone, para que ele possa dar as orientações direitinho de como chegar (email: quintadoameal@netcabo.pt e telefone +351 916 907 016). A Quinta fica próxima de Ponte, em Refoios de Lima, mas meio escondidinha da estrada principal.

Dica: anote as coordenadas no GPS (41°47’19.9″N 8°31’32.6″W), não tem como chegar sem ele.

Onde comer em Ponte de Lima:

Nós comemos no restaurante A Carvalheira (Rua do Eido Velho, nº 73, Fornelos), mas não morremos de amores, embora o lugar seja bem agradável. Depois, ouvimos recomendações boas do restaurante A Tulha (Rua Formosa, Ponte de Lima) e da Taverna Vaca das Cordas (Rua Beato Francisco Pacheco, 39). Não fomos conferir, mas fica a dica!

Onde dormir em Ponte de Lima:

Se tem uma coisa que eu aprendi nesta viagem é que Portugal sabe receber bem. E nesta parte norte de Portugal, nós demos prioridade a conhecer hospedagens familiares, e a experiência não podia ser mais encantadora. Por isso, minha recomendação seria que, se você se hospedar em Ponte de Lima, opte pelas opções mais charmosas – faz toda a diferença no quesito experiência.

Nós não nos hospedamos na Quinta do Ameal, mas fomos conhecer as instalações e morremos de amores com o que vimos. A Quinta é romântica até a última rolha de vinho, e é possível combinar a estadia com piquenique entre as vinhas, jantares especiais, etc. Fique com tempo, para relaxar na piscina e curtir o lugar de verdade.

E se preferir esticar até Viana do Castelo, a dica imperdível é a Pousada De Viana do Castelo, com a  vista lindíssima do alto da cidade.

Quantos dias:

Eu confesso que achei que Ponte de Lima não justifica um pernoite apenas pela cidade – dá para conhecê-la numa tarde, e não digo isso para desmerecer a cidade, mas porque geralmente nós, viajantes brasileiros, quando vamos para Portugal temos vontade de sobra e tempo de menos, e quem viaja sabe que um lugar a mais significa outro cortado do roteiro. Mas dito isto, Ponte de Lima fica estrategicamente no meio do caminho entre a histórica Guimarães, a litorânea Viana do Castelo e Monção, terra do Alvarinho – com isso em mente, montar base em Ponte de Lima é uma ótima estratégia para conhecer os três.

O que eu fiz, mas teria feito diferente: Como explicado acima, nós nos hospedamos duas noites em Melgaço e deixamos lá como base para explorar também Monção e Ponte de lima – olhando pelo Google Maps, achamos que seria tranquilo dirigir de uma a outra. A verdade é que os trechos são dirigíveis sim, mas são cansativos (especialmente após um dia de vinhos, boa comida e chuva na estrada, três coisas bem frequentes pela nossa viagem). Na hora mesmo em que fechamos o programa percebemos que comemos mosca, e o ideal teria sido pernoitar uma noite em Melgaço e uma em Ponte de Lima, para equilibrar melhor as distâncias de carro.

 

Guimarães e Braga

Porque ir para lá:

Não faltam motivos: tanto Guimarães quanto Braga são patrimônios históricos de Portugal e do Mundo (a primeira foi literalmente o berço de nascimento de Portugal e a segunda é considerada a Roma Portuguesa, tamanha sua importância religiosa).

Em se tratando de rota do Vinho Verde, é nesse ponto que a rotina ~terrível~ de visitar vinícolas charmosíssimas ganha uma breve pausa em troca de um turismo mais cultural e religioso. Mas não é que os vinhos acabem: as duas cidades ficam ainda na zona produtora de vinho verde e há deliciosas quintas nos arredores. Dá para ir até elas ou fazer como Maomé, e deixar que a montanh.. ops, os vinhos venham até você – pelo menos em sentido figurado. Afinal, o que não falta em Braga e Guimarães são restaurantes espetaculares para comer muito bem e, claro, sempre com um excelente vinho para acompanhar.

Quer uma dica do coração: separe pelo dois dias inteiros em seu roteiro só para Guimarães e Braga, e aproveite sem pressa. Afinal, essas duas cidades, assim como a história do vinho verde, tem mais em comum com a história de Portugal do que a gente pode ver à primeira vista.

Como chegar:

A A3 é o melhor caminho, seja vindo do norte ou de Porto.

O que visitar:

Em Guimarães: o passeio pelo Castelo de Guimarães é obrigatório, assim como uma voltinha pelo Centro Histórico (eu definitivamente recomendo pernoitar por Guimarães, só pela vida noturna da cidade e os restaurantes deliciosos que abrem no centrinho histórico e são super badalados).  E aproveite que, apesar de ter várias vinícolas ao redor já que Guimarães também fica numa zona produtora, deixe o tempo na cidade dedicado a curtir uma experiência nultural e não relacionada exclusivamente à vinhos – exceto, claro, quando eles acompanharem a comida, que é uma atração à parte por aqui!

Em Braga: católicos e interessados na herança religiosa de Braga podem querer se estender mais pela cidade, e eu realmente recomendo isso. As visitas obrigatórias são à Catedral de Braga e ao Santuário do Bom Jesus do Monte, onde estão as vistas mais bonitas da cidade. Se você tem metade de um dia em Braga, provavelmente só vai dar tempo de ver esses dois – mas se esticar por um dia inteiro, eu recomendo (muito) uma esticada ao Mosteiro de Tibães, apenas alguns minutinhos de carro do centro de Braga. É um dos mosteiros mais bem preservados, e tem murais de azulejos lindíssimos que valem a visita. Quem estuda barroco e arte sacra também vai se interessar em visitar a capela, que tem trabalhos de diferentes fases do barroco.

E tanto em Guimarães como em Braga, reserve um tempinho para ir nas doçarias da cidade e conhecer os doces portugueses típicos de cada uma – não só fazem parte da gastronomia regional, como também vão muito bem obrigada com café, naquela paradinha merecida entre uma atração e outra! 😉

Em Guimarães, a visita obrigatória é na Casa Costinhas (Rua da Santa Maria 68), onde ainda é produzido a receita original de Toucinho do Céu, doce típico da cidade e cuja receita secreta veio direito do convento de Santa Clara. Em Braga, experimente as Tíbias de Braga na Praça Conde São Joaquim, 30/34.

Onde comer em Guimarães e Braga:

Se Portugal leva gastronomia a sério, Guimarães e Braga foram a cereja do bolo da nossa viagem. Segue as dicas de onde a gente foi:

Em Guimarães:

O Restaurante São Gião, em Guimarães(Avenida Comendador Joaquim de Almeida Freitas, 56 – Moreira de Cônegos): Anote o endereço no GPS e siga as indicações do aparelho fielmente, porque o restaurante não tem placa indicativa e fica meio escondidinha, numa cidade próxima. Vive cheio, porém, e vale cada gota de combustível até ali. O chef é um português simpatissíssimo e o restaurante consta merecidamente nos guias Michelin. Eu sugeriria programar aqueles almoços longos para comer com calma, porque da entrada à sobremesa as opção são fantásticas e muito bem servidas (inclusive quem come pouco pode tranquilamente dividir um prato para um). Experimente os ovos escangalhados com raspas de fois grais (entrada) e as canilhas (sobremesas), são fantásticas!

Outra recomendação de Guimarães: Para quem quiser comer ali no centrinho histórico, uma dica é o Histórico (Rua de Valdonas, 4, entre o Largo da Oliveira e o Largo Toural). Eu não fui nele, mas ele já ganhou prêmios pela cidade (um dos premios foi o de fazer o melhor pudim Abade de Priscos de Portugal) e foi uma calorosa recomendação do dono do nosso hotel.

Em Braga:

Restaurante Arcoense (Rua Engenheiro José Justino de Amorim 96, Braga): eu mal tinha me refeito da orgia gastronômica do São Gião quando vim cair aqui. E achando que eu não podia comer mais, nem que ia encontrar nada mais gostoso, fui duplamente surpreendida, e muito positivamente. O Arcoense, como a maioria dos restaurantes de Portugal, é de propriedade familiar e provavelmente será a dona que vai te atender. O restaurante é super frequentado por brasileiros (segundo ela), porque aparentemente a fama do Cabrito Pingado (o prato chefe da casa) cruzou um oceano inteiro para chegar até nós. Foi exatamente este Cabrito Pingado que eu comi (que deve ser reservado com  inegociáveis 24 horas de antecedência), e posso afirmar toda fama é justificada. O Arcoense, aliás, nos foi indicado pelo Pedro, o proprietário do São Gião, como sendo o restaurante preferido dele. E quando a gente vai atrás de chefs recomendados por outros chefs igualmente recomendadíssimos, é impossível dar ruim.

O tal famoso cabrito pingado!

Ruim, na verdade, foi voltar para casa. Foi uma experiência maravilhosa, mas acho que nunca comi tanto na minha vida. Por favor, vão. <3

Onde dormir:

Muita gente faz Guimarães sozinha, ou o combo com Braga, em um bate volta a partir do Porto. Eu acho que dá perfeitamente – e dou a sugestão de um tour aqui – mas, honestamente, acho que Guimarães merece tranquilamente dois pernoites (e eu sugiro ficar aqui do que em Braga, apesar da cidade de Braga ser maior). É que Guimarães, sei lá, tem um charme meio cosmopolita e uma vibe diferente. Tipo, em Braga se respira história religiosa. Em Guimarães é mais do tipo para curtir a noite nas mesinhas na calçada, sabe?

Dito isto, vale a pena ficar no centro de Guimarães, a poucos passos do centro histórico, de modo que você possa ir e voltar e fazer tudo a pé. Lado positivo é que tem muito hotel com essa oferta. Lado negativo é que estacionar no centro de Guimarães é um in-fer-no, de modo que o ideal é tentar uma opção que seja o melhor dos mundos: que seja perto de tudo mas que também tenha um estacionamento fácil de sair e chegar.

Nós ficamos na Casa Juncal, e esta é uma deliciosa e grata recomendação. A Casa Juncal é – de novo – uma propriedade familiar, uma casa dos avós da família que foi elegantemente convertida em hotel boutique. O elegantemente não é exagero: quartos com escadas diferenciadas, luminárias elegantes e todo um mobiliário charmosíssimo compõem os poucos quartos do hotel, que garantem uma hospedagem deliciosa (o tempo todo nós nos sentíamos em casa).

A Casa do Juncal fica super super no coração de Guimarães, em frente ao Largo Condessa de Juncal: dá para ir andando para a praça Toural e para o centro Histórico de boa. Conveniência é nota 10, mas o lado não tão legal é que eles possuem apenas uma vaga no Largo, que nem sempre está disponível porque, como eu disse, estacionar no centro é quase impossível. De modo que o que eles oferecem é um convênio com o estacionamento da cidade, que fica a uns 10 minutos andando do hotel. Não é o melhor dos mundos, mas o carro fica super seguro, é fácil de sair e entrar (o estacionamento fica perto das ruas de acesso da cidade) e se for preciso, o hotel disponibiliza uma pessoa para ajudar com as malas e um guarda-chuva se for o caso de estar chovendo. Para a conveniência que a gente queria, até que não foi um problema, e eu recomendaria o hotel só pela gentileza dos donos.

Ah, e pelo café da manhã. O café da manhã é preparado na hora, incluído na diária e à la carte. Uma delícia!

Quantos dias ficar: 

Como eu disse, um bate e volta a partir de Porto ou apenas um dia em Guimarães e Braga é perfeitamente factível – porém a gente não aproveita todo o potencial das cidades. Minha dica é que, se você tiver o roteiro mais enxuto, combine as duas cidades num dia só, mas veja se você conseguei fazer isso com um guia. As duas cidades tem um patrimônio histórico fantástico e a visita é muito melhor aproveitada com um guia.

Mas se puder esticar, estique. Dois dias em Guimarães é o suficiente (um pernoite é bom, dois é melhor) e serve para montar uma excelente base para as outras cidades!

 

Amarante e Douro

Porque vale a pena visitar:

Bem, o Douro dispensa palavras: é uma das regiões vinícolas de mais prestígio no mundo. Aqui, é fácil a gente cair no clichê de dizer que “é um lugar único” (porque todo lugar é único, né?), mas em poucos lugares isso tem uma significância diferente. Seja porque o Douro tem um tipo de solo muito específico para determinadas tipos de vinhas, seja pelo papel do rio cheio de curvas… O Douro de fato acumula títulos que soam “clichês” – estou usando esta palavra na falta de outra melhor – como “terroir único no mundo”, “um dos 1000 lugares para se visitar antes de morrer” e tal… mas esses clichês escondem uma poderosa dose de verdade: o Douro é apaixonante sim, e a gente só tem dimensão do quanto ele é encantador depois que vamos para lá.

E quando eu digo o Douro, eu me refiro à parte mais bonita com as vinícolas, que fica entre Sabrosa e Pinhão, a uma hora e meia de carro do Porto. Então, se você só tiver um dia para visitar o Douro, vá mesmo assim: dá para ir de trem, de barco ou num tour privado com um guia (eu recomendo a Sara, do blog Portoalities, que é minha amiga e se especializou em tours sobre o Douro. Eu não ganho nada por essa indicação e faço de coração: foi ela minha companheira nesta viagem pela Rota do Vinho Verde e me apresentou um Portugal maravilhoso).

Um dia no Douro é bom: dois é melhor ainda e permite explorar a região com calma. Essa recomendação vale especialmente se você for alugar um carro e explorar as vinícolas: a estrada 222 que acompanha o rio é lindíssima, porém exige atenção redobrada – e é quase impossível não incluir um ou mais vinhos aqui e ali, ao passar pelas vinícolas. Eu recomendo pernoitar em Pinhão (com a vista do rio) ou em Sabrosa (para um pouco de turismo rural).

E um grande bônus dessa viagem, seja para quem esteja fazendo só a rota do vinho verde, seja para quem esteja fazendo só o Douro: dá para combinar as duas regiões vinícolas lindamente, passando por Amarante. A cidadezinha tem de pequena o que ela tem de encantadora, e é um pit-stop mais que funcional entre as duas regiões: é uma atração em si. Dica: faça um pernoite pelo menos em Amarante – tem dois hotéis que são uma atração em si por lá – e vá explorar os doces da região; Amarante sozinha contribuiu com 4 receitas de doces para a doçaria tradicional portuguesa!

Amarante PortugalComo chegar:

Para Amarante: quem vem de Guimarães deve pegar a A7 até sair na estrada A11. Na altura de recezinhos, é preciso prestar atenção nas placas sentido Vila Real/Amarante para sair novamente da estrada e pegar a A4. A estrada é super bem sinalizada e a viagem leva em torno de 42 minutos.

Para o Douro: Seja qual for o seu caminho, vindo do Porto ou de Amarante, reserve um tempo para fazer com calma a estrada 222, a mais cênica de todas, que vai acompanhando o rio. Quem vem do Porto de carro pode pegar a autoestrada A4, mudar para a A24 na altura de Vila Real e pegar a N222 em Peso da Régua (essa viagem leva em torno de 1 hora e 40 a 2 horas dependendo do trânsito da auto-estrada, e foi o caminho que eu fiz ao voltar para Porto, já que minha ida foi via Amarante). Mas é possível seguir por mais tempo pela N222 também, descendo da A4 por Marco de Canaveses.

Abaizo está a rota que fizemos, começando em Amarante e terminando no Porto. Você vê que dá umas voltinhas, mas isso na prática não foi um problema: a estrada 222 é linda e merecida!

Um trecho da linda estrada 222

Já quem pensa em combinar Amarante e Douro numa viagem só, fica o aviso de que o trajeto entre Amarante e Vila Real passa por um túnel que corta a serra do Marão. Esse tunel foi uma bênção, economizando horas no acesso entre uma cidade e outra, já que o caminho antigo obrigava os motoristas a percorrerem estradas sinuosíssimas por toda uma serra que nao é nada amistosa, especialmente em dias de chuva. De fato, o túnel adianta muito a vida, mas a estrada fora dele pode ser bem perigosa em dias de chuva (o que foi o nosso caso). Fica só o aviso de que, apesar de ser uma boa estrada que dá para ser feita em 41 minutos, reserve mais tempo e disposição se estiver chovendo, porque costuma ser um trecho complicadinho.

O que visitar:

Em Amarante: Passear pelo centrinho da cidade é de graça e é uma delícia – e dá para combinar com uma visita ao Museu Amadeo de Souza Cardozo. Para para um café e um doce na Confeitaria da Ponte ou na Doçaria do Mário também é obrigatório: eles produzem as receitas originais de Papos de Anjo, São Gonçalos, Lérias de Amarante e Brisas do Tâmega, os 4 doces típicos da região (e a confeitaria da Ponte fica lindamente do lado do rio, com uma vista belíssima da Ponte São Gonçalo). E querendo continuar a experiência da Rota do Vinho Verde, uma visita à Casa de Cello é obrigatória (uma quinta tímida que produz vinhos extraordinários), assim como fazer o programa Enólogo por um dia do Monverde Wine Experience Hotel.

No Douro: Se puder, vá de carro para ter mais liberdade de visitar os lugares. Eu recomendo visitar a Quinta do Pôpa e Quinta do Aneto: as duas ficam em Pinhão e produzem vinhos maravilhosos, com o bônus de terem uma linda vista para o rio Douro. É preciso agendar a visita em ambas (mande um email para turismo@quintadopopa.com ou para sobredos@sapo.pt, respectivamente) para conhecer e fazer degustações. Quem vai em setembro pode aproveitar para perguntar se eles estão fazendo a vindima – dependendo da data, é possível participar da colheita e da pisa! E na Quinta do Pôpa há a possibilidade de reservar um piquenique entre as videiras, com a vista para o rio Douro – é lindíssimo! Procure ver a previsão do tempo para a data da sua visita e reserve com antecedência.

Outra recomendação seria seguir de carro pela Estrada 222, que é a mais cênica de todas e parar nos mirantes para fotos. Uma visita a Sabrosa também é interessante, apesar de ser mais afastada do rio, mas as paisagens são belíssimas e há vinícolas excelentes – além de ser caminho para Amarante. Eu recomendo agendar uma visita (e um almoço) na Quinta do Portal (Celeiros do Douro).

Onde comer:

Em Amarante: Nós nos hospedamos no Monverde Wine Experience Hotel, de modo que boa parte das nossas refeições foi lá, não exploramos muito dos restaurantes da cidade. Mas soubemos pelas recomendações locais que Amarante tem uma herança gastronômica fortíssima, especialmente com pratos à base de cabrito assado. Das recomendações que tivemos foi o Largo do Paço, o restaurante que fica dentro da Casa da Calçada (tem uma estrela Michelin e é bem disputado – faça reserva e prepare-se para preços mais salgados). Outras das indicações foram os restaurantes Zé da Calçada (Rua 31 de Janeiro, 83, Cepelos) que faz pratos de bacalhau irrecusáveis, e a Adega Regional Quelha, que fica escondida na Rua Olivença e é um dos endereços para conhecer o famoso cabrito assado.

E, claro, a Confeitaria da Ponte e a Doçaria do Mário, para cair dentro dos doces! 🙂

No Douro: Vários restaurantes ao longo do Douro oferecem ótimas paradas para comer. O mais famoso é o DOC que fica bem na estrada 222 na altura do Cais da Folgosa. Em Peso da Régua há o Casta e Pratos (Rua José Vasques Osório) e em Pinhão há o Restaurante Rabelo, que fica dentro do Vintage House Hotel (Rua Antônio Manuel Saraiva, 4) e é mais recomendado para o jantar. 

Eu recomendo MUITO o restaurante da Quinta do Portal, em Sabrosa (dica: combine com a sua visita à quinta, vale muito a pena). O restaurante tem uma vista belíssima para as vinhas da propriedade, e o menu é composto de um menu fechado que varia de acordo com a temporada, e inclui entrada, prato principal e sobremesa. Cada prato vem acompanhado de um dos vinhos (espetaculares) da casa para harmonizar. Foi um dos lugares onde eu mais comi bem nesta viagem, também. O valor do menu fechado para almoço é de €40 por pessoa, o que eu acho um preço muito bom, considerando a comida e os vinhos espetaculares que acompanham. Crianças pagam €20.

Onde dormir:

Em Amarante: como eu havia explicado, Amarante é um pit-stop funcional entre Guimarães e a região do Douro, mas na prática ela merece um pernoite, por ser muito mais do que um destino de passagem. Diferente de Guimarães, que tem uma vida noturna de barzinhos que justifica se hospedar por lá, Amarante é mais tranquila após 18 horas, de modo que a grande atração de um pernoite ali é a hospedagem em si: lá ficam dois hotéis espetaculares, a Casa da Calçada e o Monverde Wine Experience Hotel.  A primeira faz parte do Grupo Relais & Chateaux e é o prédio mais fotogênico de Amarante, bem ao lado da ponte (e o mais conveniente também, embora não faça muita diferença, porque ficar no Casa da Calçada não dá muita vontade de sair!). O segundo, como o nome diz, é experiência pura e foi construído dentro da propriedade da Quinta da Lixa: é como dormir e acordar cercado de vinhas por todos os lados. ?

Vista linda da Casa da Calçada

No Douro: Já no Douro há duas possibilidades lindas de pernoite. Uma é a beira do rio Douro, que é obviamente a mais encantadora; nesse caso, a melhor opção seria hospedar-se no Pinhão, onde há hotéis mais próximos ao rio – nós ficamos no Vintage House Hotel, construído quase às margens do Rio e com uma vista absurdamente linda. Ainda na área de Pinhão (com vista belíssima e acesso mais conveniente) tem a LBV House Hotel e a Quinta de La Rosa.  Outras com vista privilegiada para o rio Douro são a Quinta de Santo Antônio (mais em conta) e a Quinta Rural do Pego, ambas em Tabuaço, e a Quinta da Veiga em Ferrão.

Vista da piscina (e da varanda dos quartos) do Vintage House Hotel, onde ficamos!

Mas todas essas acima são com vista para o rio. Outra opção é ir para Sabrosa, ondeo turismo é mais rural mas também com paisagens lindíssimas. Eu não me hospedei por lá, mas fomos conhecer durante a nossa viagem a Casa das Pipas, de propriedade da Quinta do Portal – um espetáculo de lugar.

Casa das Pipas, em Sabrosa

Quantos dias: 

Nós ficamos uma noite no Douro (em Pinhão) e 1 noite em Amarante, mas ressalto que, como fomos a trabalho para documentar esta rota, tínhamos nos imposto um cronograma bem cheio de visitas a restaurantes, paradas para conversa com proprietários e um tempo para escrever e fotografar isso tudo. Foi corrido, foi puxado, eu saí com a sensação de que poderia ter colocado pelo menos mais uma noite aí, para descansar dos vários trechos de estrada, ou para simplesmente descansar um pouquinho e aproveitar, eu também, a viagem.

A verdade é que um viajante não tem necessidade de ir nessa batida que eu fui, de modo que um dia em Amarante e um dia no Douro está de bom tamanho para quem tem a agenda apertada, e 2 dias no Douro são ideais para curtir tudo com calma (amantes de vinhos, no caso de vocês eu recomendaria dois dias mesmo!).

Making-of: como foi a idéia dessa viagem!

Lá para os meados de 2016 eu andava meio inquieta com o blog. Eu estava trabalhando bastante em outro emprego que não era relacionado a nada do blog, e estava quase sem postar nada por aqui por falta de tempo, de idéias, de energia. Por outro lado, eu andava inquieta porque me sentia uma fraude e queria voltar a fazer projetos interessantes para o blog, que unissem escrita e desbravamentos, que contassem a história do lugar. Eu já tinha feito isso no passado e gostado muito do resultado, e sentia falta de voltar a pôr os pés na estrada com outro significado.

A ideia de fazer algo relacionado a Portugal surgiu não por acaso. O escritório da minha então empresa era no Porto, e eu visitei o país pela primeira vez numa chuvosa semana de fevereiro. Ao contrário do que eu esperava, me senti estranhamente muito em casa, a ponto de pensar seriamente o que eu estava fazendo morando em Londres ao invés de estar no Porto. Pronto, a sementinha de uma viagem de redescobrimento às avessas já estava lá.

Foi só lá para setembro que eu resolvi chamar a Sara, minha amiga blogger do Portoalities que mora na cidade, para pensar um projeto juntas. Ela é especialista em tour pela região do Douro, e expert em Vinhos do Porto. Podíamos fazer só sobre isso, mas vinhos do Porto já são famosos, né? Para uma viagem de descobrimento, eu sentia falta de também falar de um assunto que pouca gente conhecesse.

Foi estudando sobre a história do Minho (vou te contar, ando numa fase meio geek, estudando horrores. Não me julguem!) que surgiu a idéia de desbravar a Rota do Vinho Verde, cuja produção é bem mais antiga que a dos vinhos do Porto, mas menos divulgada. Além disso, a viagem nos permitiria desbravar os cantinhos do Minho, onde está o Portugal dos pequenos fazendeiros, dos pequenos agricultores, daquela sensação de família reunida à mesa. E que mesa! Em se tratando de Portugal, poucas coisas são tão cheias de significado do que estar à mesa em família.

Embarcamos na idéia. A data escolhida para a viagem foi em meados de outubro de 2016, em pleno outono (tempo de folhas caindo e chuvas idem) e depois da vindima. Foi uma pena perder a vindima, mas não conseguimos planejar com essa antecedência.

Em compensação, criamos também uma espécie de rota dos doces amarelos, numa tentativa de conhecer os doces típicos de Portugal. Isso foi o resultado de uma promessa que a Sara decidiu fazer para me provar que Portugal é muito além de pastéis de nata.

Uma coisa que eu adoraria deixar claro é que o roteiro foi feito à quatro mãos, e foram necessárias parcerias para viabilizar parte dele (e cada parceria foi anunciada de forma transparente em todos os nossos posts). Mas não foi uma press trip qualquer: o fato de nós termos montados nosso próprio projeto permitiu uma liberdade enorme, em que podíamos estudar as melhores vinícolas (ou as mais interessantes, fora do mainstream turístico), buscar as excelentes recomendações de restaurantes e entrevistar com calma entendidos no assunto que moravam lá há anos. Foi assim do dono do hotel até o empresário da vinícola caríssima. Deu até para construir laços de amizade – e dicas de amigos, a gente sabe, são sempre as mais secretas e especiais.

A viagem em si foi uma experiência extremamente cansativa e absolutamente deliciosa, em que aprendi não apenas sobre vinhos e portugueses, mas sobre as possibilidades de histórias que a gente pode criar com isso.

Nível de cansaço no penúltimo dia da viagem… Isso a Globo não mostra!

À nível pessoal, serviu ainda para me colocar de volta aos eixos junto com o propósito maior do blog, que é o de trazer experiências inusitadas e com significado. Um dos aprendizados que tive nesta viagem foi durante uma conversa com o proprietário da Casa de Cello, João Pedro. Ele dizia que não há pressa na natureza; e até pequenas mudanças levam tempo. Eu anotei essa frase durante nossa conversa sobre o processo de produzir e envelhecer vinhos, mas lendo agora fora de contexto, vejo que isso serve para a vida também.

Recomendo, muito, essa rota: seja com amigos, em casal, com a família. Recomendo ainda fazê-la sem pressa. O nome Minho já nasceu assim, como se fosse um diminutivo, que é para a gente ir com cuidado. Eu dei o meu melhor na documentação dessas dicas aqui no blog, e espero que ajude a vocês a percorrerem a Rota dos Vinhos que, no fim das contas, vai ser única para vocês.

E eu não posso prometer que ao final dela vocês vão virar “experts” em vinhos verdes – mas como é a jornada que importa, pelo menos eu garanto que vocês vão praticar todos os dias… 😉

 

O Dondeando Por Aí visitou todas as quintas, restaurantes e hotéis acima através de parceria. Porém, a escolha dessas parcerias foi feita com base na excelente reputação dos estabelecimentos antes da visita, bem como a reputação de especialistas na área, e foi crucial para viabilizar o trabalho de pesquisa e redação desta rota. Todas as informações e opiniões dadas aqui são genuínas.

Comments

8 COMENTÁRIOS

  1. Olá, vi seu roteiro e gostei bastante. Porémm, não gosto muito de ficar fazendo Chuck in e checkout, em tão pouco tempo de viagem.

    Terei cinco noites no douro, e me interessei pelo Minho. Seria difícil fazer 3 noites em uma base, e mais duas semanas m outra? Se sim, em quais cidades recomenda que eu faça?

    Pensei em Peso de Régua ou Lamego no Douro. Tem ainda a opção de Pinhão. No Minho, não sei.

    Bom, seu post está muito bom. Espero alguma dica. Grato, Rodrigo Almeida.

    • Oi, Rodrigo! Que bom que você gostou do Post, fico feliz!! 🙂

      Eu sugeriria montar base então em Ponte de Lima, que fica no meio do caminho entre Guimarães e Braga de um lado, e Melgaço e Monção do outro. É melhor de dirigir de um lado para o outro. Três dias você cobre tudo isso com calma, parando em mais de uma vinícola e curtindo sem pressa.
      Ou Guimarães. Fica mais longe de Melgaço e Monção (onde estão vinhos verdes maravilhosos), mas Guimarães em si merece um dia sim, e a noite na cidade é bem gostosa.
      Já no Douro, eu acho Peso da Régua mais prático em termos de logística, mas Pinhão extremamente charmosa. Particularmente (e isso é uma opinião bem pessoal) eu ficaria em Pinhão (sou dessas, que prefere esses lugares de charme). Em dois dias você curte bastante também.
      Consegui te ajudar?

  2. Parabens pelo post, o mais detalhado que encontrei ate agora. Muito Bom. ficarei 5 dias e tenho a ideia de conhecer a regiao do D’ouro. vi que sugeriu como base pinhao ou peso da regua. Nesta regiao quais as QUINTAS que voce sugere conhecer ?

    Obrigado.

    • Oi, HUdson!
      Que bom que gostou!
      Olha, a QUinta da Roêda fica no Pinhão e é muito boa. É a que fica mais perto.
      Perto de Pinhão tem uma cidade chamada Sabrosa e lá que eu conheci uma das melhores quintas do passeio, a QUinta do Portal. Eles tem um restaurante também, que eu super recomendo, é absolutamente maravilhoso e eles harmonizam todos os pratos com vinhos. A quinta é fantástica e os preços são bons também, para trazer os vinhos para casa.
      Eu escrevi este post aqui especificamente sobre a região do Douro, e quais os trechos de estrada e as quintas para conhecer na região. Veja se ajuda! http://www.dondeandoporai.com.br/douro-como-ir-o-que-visitar/

  3. Oi, Clarissa, gostei muito das suas postagens sobre a rota do vinho verde. Meu marido e eu passaremos alguns dias em Portugal (lisboa, porto, douro) e fiquei curiosa sobre o roteador portátil, qualquer locadora de carros oferece esse serviço? Vamos sair de Lisboa. Obrigada!

  4. Olá, seu roteiro é incrível. O melhor. Uma pergunta? Você recomenda parte desse
    Roteiro
    Com criancas? Eu e meu marido teremos 20 dias em Portugal, com nossos três filhos. Sao acostumados a viajar.

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