San Francisco deveria estar na “to do” list de todas as pessoas que viajam para os Estados Unidos.  Devorar um “crab” gigantesco no Fisherman’s Wharf, fazer um tour de leve na famosa Alcatraz, viajar nos bondinhos (e no tempo) pela cidade e a atravessar a ponte Golden Gate já seriam argumentos suficientes para convencer qualquer turista a mergulhar no contexto charmoso e cultural da cidade.

Mas pedalar pelas nuvens na cidade… bom, isso não está incluso na maioria dos pacotes turísticos. Mas devia.

Tive a possibilidade de viver a experiência em dezembro de 2008, quando estava passando dois dias em San Francisco sozinha, já que minha prima, companheira de viagem do momento, estava trabalhando. Então, aproveitei para perambular com meus botões para conhecer as ruazinhas da cidade.

Peguei o bondinho na Union Square, saltei ao lado da Lombardi Street, a rua mais sinuosa do mundo. Parei o suficiente o para um pit-stop para fotos e desci a ladeira até o Fisherman’s Wharf. Uma pequena caminhada, mas o fato de estar descendo uma ladeira e com a vista da ilha de Alcatraz à frente fez toda a diferença a favor dos meus joelhos.

Cheguei afinal na Fisherman’s Wharf, tradicional e obrigatório ponto turístico da cidade e que responde por boa parte dos passeios deliciosos da cidade. Dali partem vários passeios de barco até a ilha de Alcatraz, além de reunir uma grande concentração de restaurantes especializados em “crab”, o caranguejão tamanho GG dos americanos.
Lá pelas tantas e um pouco cansada de tanto turista ao redor, descobri uma empresa que alugava bicicletas, a Blazing Saddles , e que sugeriam até algumas trilhas pela cidade, incluindo atravessar a ponte Golden Gate. Haviam inclusive opções de ir até Salsalito (a cidade do lado de lá) de bike e voltar de ferry, em caso de um eventual motim muscular, causada pela incompatibilidade “pedaladas x sedentarismo”. Descobri-os por acaso na rua principal, mas minha felicidade aumentou consideravelmente quando descobri que eles tinham informativos e site em português.
Achei ótima a idéia por vários motivos. Primeiro, porque era uma forma diferente de passear. Segundo, a ponte estava um pouco longe para ir a pé. Terceiro: o dia estava lindo, lindo, lindo – sol agradável, temperatura fresquinha, poucas nuvens no céu. E último, porque um pouquinho de exercício ia contrabalançar muito bem as trilhões de calorias ingeridas nos fast-foods das férias até então.

Bicicleta alugada, fui pedalando. E já digo que, se você pretende visitar a cidade e o dia estiver bonito, não deixe de fazer esse passeio. É delicioso. Salvo algumas ladeirinhas no meio do caminho – perfeitamente subíveis para quem está em forma, o que não era o meu caso na época – a ciclovia vai margeando o mar, de modo que você vai passando por Alcatraz a seu lado, alguns metros de mar, até chegar aos poucos à Golden Gate, linda, ali imponente à sua frente.

Ela é dividida em dois lados: à direita é o trecho reservado para pedestres e à esquerda, para ciclistas. Para evitar multas e caras feias, preste atenção na hora de entrar.

A surpresa começou aí. Como, por acaso, eu aluguei a bicicleta em torno das 16 horas, calhou que, ao atravessar a ponte, o sol estava se pondo. Um espetáculo natural, visto do melhor ponto da cidade!

Após atravessar a ponte, comecei a me preparar para voltar, quando o sol estava realmente quase se pondo, e junto com ele, chegavam as nuvens da famosa neblina de São Francisco, que começaram a “engolir a ponte”.

A sensação é indescritível: você dirigindo sua bike e saindo do sol para mergulhar na neblina. E isso tudo acontecendo na hora certa: porque se a neblina descesse antes, teria estragado o passeio, porque não dá para se ver absolutamente nada. E se fosse depois, eu perderia essa experiência de mergulhar nas nuvens no meio da ponte.

Aproveito só para dar algumas recomendações aprendidas na prática após o passeio. A primeira é: se estiver em San Francisco, alugue uma bicicleta e faça. Pergunte que horas o sol se põe geralmente, e calcule o tempo que você vai precisar para ir até lá. Se a sua intimidade com a bicicleta e com qualquer atividade física anda muito distante, alugue uma com marchas. Ah, e leve um casaco a tiracolo, porque entrar na neblina gelada com o corpo quente de uma pedalada… Brrr.

E, antes de pedalar nas nuvens, conheça algumas dicas pé-no-chão para chegar na cidade.

Transporte: Avião é a melhor opção, e American Airlines ou United têm bons vôos. para a cidade. Peguei um voo saindo de Los Angeles.

Hospedagem: A cidade de San Francisco é jovem e alto astral, de modo que é possível encontrar vários hotéis e albergues pela cidade. Como eu estava indo sozinha e num esquema mais tranqüilo, fiquei no Hostel Adelaide que é bem tranqüilo, a duas quadras da famosa Union Square e seus bondinhos e já foi indicado por guias como a Lonely Planet.

Como todo albergue, as taxas variam de acordo com o tipo de quarto que você quer alugar: quartos coletivos (4 , 6 a 10 pessoas do mesmo sexo) custam em torno de 23 dólares a diária, e quartos privados a partir de 60 dólares. Todos com internet gratuita e café da manhã incluso.

Como eu estive lá no inverno deles, as noites eram bem frias, mas até que considerei a estrutura do quarto bem agradável, (o que para uma carioca acostumada às temperaturas médias de 35 graus) me deixou mais tranquila: cobertores quentinhos, colchão macio. Então, salvo a possibilidade de você dividir o quarto com duas canadenses calorentas que vão cismar de dormir de janela aberta (o que foi o meu caso), acredito que não haverá maiores problemas em relação ao frio.

Época do ano: Eu estive lá no início do inverno deles, nos dias 27 e 28 de dezembro de 2008. Ou seja, o clima estava agradável durante o dia, mas a noite esfriava. Porém, a neblina na torre é bem comum. Acho que os dias de outono e início de inverno são boas pedidas para curtir o sol ameno e dias agradáveis.

Transporte na cidade: Apesar do aluguel de um carro nos Estados Unidos ser um bom negócio, a cidade de San Francisco é bem servida de meios de transporte, de modo que você pode tranquilamente deixar o carro para lá e se aventurar nos metrôs, trens e bondinhos da cidade – o que, convenhamos, é o charme da cidade! Do aeroporto para o albergue é possível ir de metrô – ou,  BART, Bay Área Rapid Transit para os íntimos. O sistema possui uma malha que cobre boa parte da cidade, e a ótimos preços. Os tickets podem ser comprados pela internet.

Bonde – San Francisco

E tem, é lógico, os bondinhos. É possível pegá-los próximo à Union Square e ir com eles até a Fisherman’s Wharf, com direito ainda a uma passadinha ao lado da Lombardi Street, a rua mais sinuosa do mundo. Mais informações no San Francisco Cable Car .

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

1 COMENTÁRIO

  1. San Francisco é uma cidade MUITO linda !! E ainda dá para fazer um roteiro bem legal, que é ir para SF, depois San Diego e finalizar com Las Vegas, tudo isso de carro e curtindo muito porque as rodovias lá são excelentes e bem seguras. Tem também muitos pontos turísticos legais.

    Matéria muito boa !!

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