Uma das mais antigas estradas históricas do Brasil, a Rota dos Bandeirantes começou sua história lá trás, lá para os meados do século XVI. Aberto pelos chamados sertanistas, eram os caminhos desbravados pelos capitães das bandeiras e suas equipes em busca de pedras preciosas, captura de índios, conquista de novas terras, dentre outros.

É dos bandeirantes o mérito de terem sido os responsáveis em parte pela expansão do território brasileiro além do Tratado das Tordesilhas, dando ao Brasil a forma que tem hoje e conquistando parte da região Centro-Oeste. E é também deles a responsabilidade pelos impactos desastrosos sobre as tribos indígenas da região: foram dizimadas pelas doenças de “homem branco”, ou pela guerra, ou pela escravidão.

Os primeiros bandeirantes eram grupos mistos, formados por brancos (capitães), caboclos e índios. A razão disso era clara: os bandeirantes em questão não eram senhores de terra e nem ricos o suficiente para comprar escravos negros. A solução era, portanto, escravizar índios – e os caboclos nasciam dessa mistura. Essa trupe então prosseguia mata adentro, combatendo outras tribos, fazendo reconhecimento de terrenos (sem equipamentos adequados ou mapas, claro), caminhando descalços muitas vezes e desbravando na unha o Brasil de todos nós.

E hoje, enquanto os nomes de bandeirantes famosos como Anhanguera e Raposo Tavares dão nomes às rodovias paulistanas e assim continuam levando pessoas para lá e para cá, a rota que eles abriram lá trás ganhou asfalto, sinalização e virou um roteiro cultural imperdível para quem quer, numa só tacada, cair na estrada e mergulhar na história.

São aproximadamente 180 quilômetros de estrada, passando pelas cidadezinhas simpáticas de Santana do Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Araçariguama, Cabreúva, Itu e Porto Feliz. Para quem não reparou, a maioria das cidades tem nome indígena, herança dos nossos amigos da época. E, em todas elas, o viajante pode encontrar museus, fazendas, restaurantes típicos, centro históricos, reservas ambientas (com trilhas ecológicas para quem for iluminado pela inspiração bandeirante de ir mato adentro, mas sem a responsabilidade de desbravar o mundo).

Curiosidades:

Pirapora = “Pira” que dizer peixe e “pora” quer dizer salto. Ou seja, descreve o fenômeno que acontece na época da desova em que os peixes pulavam o rio para subir a cachoeira.

Itu = Quer dizer cachoeira ou queda de água. Mas hoje virou sinônimo de exagero!

Araçariguama = Lugar onde se reúnem os pássaros para comer

Cabreúva – Significa “Árvore da Coruja”, nome tupi guarani dado a uma árvore comum da região.

A rota principal é através da Estrada dos Romeiros (SP 312), mas existem também outras vias de acesso à região:

– SP-280 – Rodovia Castello Branco (São Paulo-Avaré/Divisa de MS)
– SP-079 – Rodovia Convenção Republicana (Itu-Salto)
– SP-113 – Rodovia Doutor João José Rodrigues (Tietê-Rafard)
– SP-127 – Rodovia Piracicaba/Tietê/Itapetininga
– SP-300 – Rodovia Marechal Rondon (Jundiaí-Itu-Porto Feliz-Tietê)
– SP-308 – Rodovia do Açúcar (Salto-Piracicaba)

E, bandeirantes à parte, o que o viajante de hoje pode (e deve) conferir por lá:

Toda a rota começa em Santana do Parnaíba. Como era deste ponto que saíam as bandeiras em direção ao interior do estado, as construções da época legaram à cidade hoje o maior conjunto colonial existente em São Paulo. Hoje, a cidade promove repetidamente uma série de eventos culturais, como visita a alambiques na cidade, festas populares – com destaque para o carnaval da cidade e a dramatização da Paixão de Cristo.

Se antigamente era local de passagem para os bandeirantes, hoje o local onde se situa Pirapora do Bom Jesus é destino de muitos romeiros, perdendo apenas, em número de visitantes, para Aparecida. A razão disso está em parte na história da própria fundação da cidade. Em 1725 foi encontrada a imagem do Bom Jesus, padroeiro da cidade, apoiada numa pedra do Rio Tietê. Hoje a estátua está abrigada dentro da Igreja da cidade, aberta para visitação pública.

Cabreúva foi fundada por um fazendeiro de cana-de-açúcar que destinou sua produção paraa a fabricação de aguardente. O resultado? Os diversos engenhos instalados ao longo da cidade deram à Cabreúvas o título de “Terra da Pinga”, e produzem até hoje a “mardita”, que já ganhou notoriedade nas redondezas. Então, se dirigir, não beba – aproveite para dar uma pausa no volante e renda-se ao charme da visita aos alambiques.

Araçariguama era apenas um ponto de passagem para os bandeirantes que seguiam em direção à Itu e Jundiaí. Porém hoje a cidade guarda uma série de eventos culturais, como festas agropecuárias, rodeiros, festas religiosas, dentre outros.

Itu é a cidade dos exageros. Reza a lenda que o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, lá pelos idos de 1819 quando fez uma viagem pelo Brasil, escreveu em seus registros que “as frutas e os legumes locais tem um tamanho extraordinário”. Se isso é verdade não se sabe, mas a moda pegou. Então, é possível encontrar na cidade um orelhão gigante (ponto turístico da cidade), cotonetes, preservativos, um semáfaro gigante, e até notas de dinheiro grandes (falsas, lógico!). Vale a pena conhecer e curtir a brincadeira.

Este post é patrocinado pela Campanha Firestone Sem Parar

Comments

3 COMENTÁRIOS

  1. Olá Clarissa,
    Estou interassada em realizar o roteiro dos bandeirantes e não consegui entrar em contato com os centros turísticos informados na internet, devem estar desatualizados ou algo assim. Gostaria de saber se você realizou esse roteiro e se tem algum contato para maiores informãções, como melhor época para se fazer e suas atrações.
    Grata
    Solange

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