Taí um dos pontos-chave da Rota das Emoções: conhecer de pertinho o Delta do Rio Parnaíba. Que é cheio de água, de caranguejos, de pássaros e curiosidades – não exatamente nesta ordem.

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Curiosidades sobre o Rio Parnaíba:

–  É o único rio das Américas com foz em delta em mar aberto, e um dos três em todo o mundo em extensão e beleza natural (os outros são o Delta do Nilo, no Egito; e o do Mekong, no sudeste asiático);

– É o maior rio totalmente nordestino (e você pensou, como eu, que era o Velho Chico, mas o Rio São Francisco tem sua nascente em Minas. E o Parnaíba é 100% da terrinha!)

– Apesar de ter o nome Delta do Parnaíba, no Maranhão o mesmo lugar ganhou o nome de Delta das Américas – por questões marketeiras, políticas e – dizem as más línguas – picuinhas. Fica então essa briga, um estado chamando de Delta das Américas, e outro chamando de Delta do Parnaíba.

Ou seja, se você for da bancada do Sarney, chama de Delta das Américas – mas lá na sua casa. Porque aqui a gente vai usar Delta do Parnaíba mesmo, que é o nome do rio (assim como é Delta do Nilo e Delta do Mekong), é o nome que está nos livros, é o nome que dita a boa Geografia e, bom, beijomeliga.[/alert]

O passeio é feito de lancha rápida – que parte do Porto dos Tatus, na Ilha Grande e porta de entrada do Delta. O passeio de lancha parte do Porto dos Tatus, Ilha Grande/PI, em lancha rápida em direção à Baia do Caju, passando por várias ilhas e vários igarapés.

MAPA_DELTA_CURVA+300dpi
Crédito da Imagem: Morais e Brito Viagens e Turismo

No caminho, a paisagem vai passando pela gente. igarapós lindíssimos, verdes, verdes, verdes…

Igarapés

E dependendo da maré (quando está baixa) dá para ver a lama que sobra – e com um olho atento, diversos caranguejos escondidos dando uma espiadela em como tá a vida lá fora…

margens lamacentas e maré baixa - carangueijo catar delta do parnaíba

Aliás, é quando a maré está assim que é possível participar de uma das principais vivências da Rota das Emoções: a coleta de caranguejos feita pela cooperativa de catadores local (tem mais informações sobre essa experiência, e muitas outras parecidas, aqui neste post).

Catador de carangueijo da cooperativa dos catadores do Delta do Parnaíba

Dá para combinar os passeios: o passeio de barco pelo Delta e a experiência com os catadores. Tudo isso tem que ser combinado com agência previamente. Mas tente marcar para a parte da tarde, para ficar livre antes do pôr do sol.

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Porque é nessa hora que acontece uma das coisas mais bonitas do Delta: a revoada dos guarás.

Antes de mais nada, devo confessar uma coisa: sempre me encantou a forma de ver como os pássaros se recolhiam ao entardecer para dormir. Adorava, por exemplo, passear por uma pequena cidade no Brasil (sim, porque às vezes acho que nas cidades grandes isso está quase extinto) e cruzar com uma árvore de copa folhosa, que ao entardecer era “recheada” de passarinhos dentro. Todos eles, invisíveis pelas folhas, denunciados apenas pelo arrulhar escandaloso que ecoa para fora da árvore.

Ou seja, passarinhos indo dormir sempre tiveram para mim essa conotação mágica pra mim – um “boa noite” que existia só no som, e que na minha imaginação criava árvores cantantes no crepúsculo.

Achava lindo. Tinhas ares de mágica simples.

Por isso que eu tinha uma certa expectativa em relação à revoada dos guarás. Como o nome “revoada” sugeria, eu esperava um espetáculo arrebatador, de várias aves alçando voos juntas, num arrulhar ensurdecedor em direção ao céu. Saber que elas eram vermelhas aumentava ainda mais a beleza do espetáculo.

Me frustei, nesse ponto, porque a revoada dos guarás acontece totalmente ao contrário. Aqui, também, elas se recolhem para dormir. E chegam silenciosas, devagar, aos poucos.

Devo dizer que a culpa foi minha, aliás: ninguém mandou eu sair de casa levando expectativas.

E o que começou frustrante foi se tornando encantador – mas aos poucos, proporcional à beleza simples e delicada de uma pequena revoada de pássaros vermelhos cor de sangue que chegam tingindo o céu de colorido, ao chegar aos poucos às árvores onde vão passar a noite.

voo dos guarás delta do parnaíba piauí

Uma curiosidade: os guarás tem essa cor escarlate devido à sua alimentação, exclusivamente à base de caranguejos (este crustáceo possui um pigmento que é responsável pelo tingimento das penas das aves). Os filhotes nascem com a penugem marrom, e vão se tornando vermelhos com o tempo devido à alimentação; Tanto que, se criado em cativeiro, a tendência é que a penugem perca a cor e os bichinhos fiquem com a cor de um rosa meio desmaiado.

E à medida que o sol vai se pondo, chegam mais aves, vindas de todo o Delta (são muito numerosos ao longo das margens). O espetáculo é silencioso, lento, e belo: como nuvens vermelhas que se aproximam vagarosas das árvores até se transformarem em flores rubras.

Porque é essa a impressão que se tem ao olhar para as árvores: como se estivessem florescendo, incandescentes, a cada minuto.

revoada dos guarás - chegando na árvore

Nem sempre dá para tirar fotos com perfeição: é preciso guardar uma distância segura das árvores, para não assustar os animais. Para quem tem binóculo e curte a observação de pássaros: a tarde é uma festa – os guarás chegam em revoadas aos poucos, quase sempre rente à água antes de chegar à árvore.

Revoada dos Guarás no Delta do Parnaíba Piauí

Confesso que não sei dizer ao certo o tempo em que este espetáculo dura: pareceu-me meia hora ou mais, mas pode ser que tenha durado apenas dez minutos. Chega uma hora em que a gente desiste de tentar fotografar e passa apenas a apreciar a beleza do espetáculo silencioso.

No fim das contas, foi uma revoada ao contrário, pra mim: as árvores cantantes que eu conhecia, aqui, eram silenciosas. Mas se tornavam vermelhas. De um vermelho-vivo.

Aliás, de um vivo todo.

Árvores cobertas com guarás no Delta do Parnaíba

Pois é, galera: o post de hoje é assim, simples mesmo: mas eu nao tinha outra forma de fazê-lo. Adoro frufrus, mas que não cabem aqui – tem horas na vida que o grande êxtase de beleza está nas coisas absolutamente simples que a gente vê.

Como pássaros que vão dormir se transformando em flores, por exemplo. 🙂

carroQuem leva:

Para agendar esse passeio, incluindo a revoada dos guarás (e incluir até até a vivência com a coleta de caranguejos, se preferir), contate a Natur Turismo, a principal agência de turismo do Piauí – e são bastante atenciosos. Você pode agendar com a Carina, uma fofa, através do e-mail: atendimento@naturturismo.com.br.

hotelOnde se hospedar:

Para fazer o passeio no Delta do Parnaíba, é recomendado pernoitar uma noite por lá. Na verdade, é recomendado pernoitar até mais de uma: a noite de Parnaíba possui uma excelente gastronomia, e é a chance também de visitar as cooperativas de rendeiras e de palhas de carnaúba de lá, e de quebra fazer umas comprinhas (mais informações nesse post aqui). Eu me hospedei no Hotel Vila Parnaíba, bem confortável (com piscina e rede, minha combinação preferida, e um café da manhã bem caseiro. Aliás, todo café da manhã que inclua bolo formigueiro me desperta altas nostalgias! 🙂 ), mas aqui em baixo você pode pesquisar outras opções de hotel também. Em tempo: pernoitar em Parnaíba é a melhor opção, pois a cidade é a que oferece melhor estrutura de hospedagem.

[booking Target=”Parnaíba”]

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Se você gostou desse texto, acompanhe a série sobre a Rota das Emoções aqui:

Lençóis Maranhenses: lagoas, camarões e vida mansa em Atins

Lençóis Maranhenses (ou o que fazer quando as lagoas estão secas)

Rota das Emoções: do Piauí em direção aos Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

Rota das Emoções: a revoada dos guarás no Delta do Parnaíba, Piauí

Rota das Emoções: as vivências com rendeiras, pitangas, cajuína e catadores de carangueijo no Piauí

Barra Grande em 10 motivos: para você visitar todos e parar de desdenhar promoção de passagem para o Piauí

Rota das emoções: viajando de buggy de Jericoacoara a Camocim, no Ceará

Rota das emoções: dicas do que fazer em Jericoacoara por quem começa a viagem por aqui

Rota das emoções: onde é, o que vale a pena fazer lá e como planejar sua viagem no Nordeste

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Esta jornalista e blogueira percorreu a Rota das Emoções em novembro de 2012 a convite do Sebrae e dos empresários de Turismo da Rota. Todas as impressões, dicas, sugestões e avisos são frutos da experiência e opinião da jornalista.

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