O segundo dia na ilha de Isabella começou as 7 horas da manha, quando chegou a nossa condução ai ao lado para nos levar ate o vulcão Sierra Negra. Ou seja, esse pau-de-arara ai levaria 4 turistas uruguaios, 2 canadenses, 1 dinamarquês, 1 equatoriano, e 1 brasileiro ate o vulcão em um percurso de uma hora numa estrada sem asfalto! E para piorar ainda tinha chovido de noite. Talvez fosse mais seguro eu pegar emprestado aquele velocípede ali atras.

 

Ate que considerando as condições da estrada, o pau-de-arara agüentou bem o tranco. O plano era ir de cavalo ate a boca do vulcão, mas como havia chovido e estava tudo enlameado os cavalos nao podiam fazer a parte mais íngreme do percurso na ida. Entao fomos nos num hiking por mais de uma hora e meia ate chegar a boca do vulcão. O hiking eh bem íngreme e nao eh muito fácil nao. O pessoal mais velho foi ficando bem para trás. Mas eu, claro que com minha condição física de tri-atleta, tirei de letra. Apenas me arrempedi ligeiramente de so ter trazido 1 litro de água.

 

Mas depois de uma hora e meia de caminhada, a recompensa esta ai ao lado. O vulcão Sierra negra tem mais de 10 km de diâmetro, entao eh difícil conseguir tirar uma foto da boca toda do vulcao. Mas o melhor que eu consegui esta ai. O Sierra Negra eh o segundo maior vulcao ativo do mundo e sua ultima erupção foi em 2005. Como as ilhas de Fernandina e Isabella sao as ilhas mais jovens e mais próximas do “hot spot” que diante milhares de anos vem formando o arquipélago, essas ilhas ainda possuem vulcões ativos.

 

Eu deveria ter percebido o perigo quando na hora de escolher o meu cavalo o guia falou: “Trae el formula uno para él!”. O guia so pode estar de brincadeira, pensei. Quando subi no cavalo ele parecia ser bem dócil. E como ele começou bem de vagar resolvi batiza-lo de Rubinho. O Rubinho ia cavalgando na maior tranqüilidade ate que os “cuidadores” dos cavalos chegam por trás fazendo som de beijinho e dando chicotada para os cavalos irem mais rápido. Ai o Rubinho que estava tranqüilo saiu cavalgando em disparada passando os outros cavalos por onde pudesse! Passava entre cavalos, a centímetros da ribanceira, e eu tentando me segurar como podia para nao cair la dentro da caldeira do vulcão! Quando o cavalo chegava na liderança do grupo e longe o suficiente das chicotadas ele voltava a caminhar tranqüilamente ate que os chicoteadores se aproximassem novamente e o processo de ter que me concentrar em sobrevivência recomeça-se.

E fomos assim pela beirada do vulcão Sierra Negra ate chegarmos ao volcan Chico. Que como diz o nome eh um vulcão menor que foi formado apartir do Sierra Negra. Passamos por dentro de um túnel de larva, almoçamos e resolvemos começar a voltar. A volta, ja com um domínio maior sobre a psicologia do Rubinho, começou mais tranqüila. Tive ate o meu momento Indiana-Jones quando a mochila de uma das turistas do nosso hotel se abriu. Tinha câmera, carteira, água, tudo quase caindo da mochila. Se fosse turista argentino a gente deixava cair. Mas como era uruguaia, consegui que o Rubinho chegasse ao lado do cavalo dela, enquanto eu com uma mao segurava a mochila e com a outra fechava o fechecler.
E finalmente quando estávamos quase chegando de volta ao pau-de-arara, o Rubinho, fazendo justiça ao seu nome, resolve pegar uma curva errada nos separando do resto do grupo. Eu escuto o guia gritando, nao se preocupa que o cavalo sabe o caminho! So faltava essa agora! Minha sobrevivência dependendo do Rubinho. E ja que nao tinha ninguém para dar chicotada nele, ele resolveu que nao ia mais cavalgar. Fiz de tudo para ele voltar a andar mas nao teve como. Ja estava pensando em como eu ia me sobreviver tirando água de cactos e construindo um abrigo de larva endurecida. Pelo menos tem o cavalo como fonte de proteína (eu sabia que ler Vida Secas seria útil algum dia!). Depois de uns 5 minutos o cavalo deve ter lido o meu pensamento sobre churrascos equinos e resolveu voltar a cavalgar lentamente. Mais ums 15 minutos e me re-encontrei com o grupo no final da trilha. Como não poderia deixar de ser o Rubinho chegando em ultimo lugar!

 

A tarde pegamos mais um daqueles barquinhos chechelentos (detalhe para o único salva-vidas do barco) e fomos fazer um snorkeling em uma ilhota chamada “Las Tintureras” que fica a ums 10 minutos de barco de Puerto Villamill. O snorkeling em si nao foi nada de muito especial. De tarde a mare sempre eh alta e a água fica mais turva. Alem do mais estava complicado nadar contra a corrente. O mais interessante foi ver algumas raias passando.

Mas o passeio vale a pena pela parada que o barco faz nas Tintureras onde tem uma trilha, essa sim bem tranqüila de fazer. Nas Tintureiras foi onde eu mais vi iguanas marinhas em todo o arquipelago. Tinha que se ter cuidado quando andando para nao pisar numa iguana camuflada entre as pedras (vê se você consegue contar quantas iguanas tem na foto ao lado, eh mais difícil que onde esta Wally!). As iguanas, que chegaram a Galapagos como iguanas terrestres, pela escassez de vegetação no arquipélago, aprenderam a mergulhar para se alimentarem de algas marinhas. O mais interessante da iguana marinha eh que eles espirram água do mar pelo nariz. Foi uma adaptação evolucionaria que eles tiveram que fazer devido a alta concentração de sal que eles ingerem comendo algas marinhas.

 

Iguanas

 

Alem de iguanas, nas tintureiras tem muitos pinguins. Pode acreditar que tem pingüim no equador! Eles sobrevivem devido a uma corrente fria que passa pelo arquipélago. Tinham também bastantes pelicanos, e um bom numero de leões marinhos também. Apesar de que o macho alfa da ilha nao estava muito afim de deixar ninguém chegar perto dos leões marinhos. E finalmente, a minha ave preferida do arquipélago, os Pata Azuis (blue-footed boobies).

Os pata azuis machos, para seduzir as fêmeas de sua espécie fazem uma dança um tanto quanto engraçada e peculiar. Quando eles vêem uma fêmea voando por perto, eles ficam assobiando, abrem bem as suas asas, jogam a cabeça para trás, e alternadamente movem as suas patas azuis para cima e para baixo. Ou seja, eles sao um tanto quanto semelhante quanto a espécie humana nesse quesito. Os que não dançam bem não conseguem atrair as fêmeas. Se houverem alienígenas observando o planeta terra com suas lunetas gigantes, devem estar pensando que todas as espécies desse planeta possuem praticamente o mesmo comportamento.

Comments

Artigo anteriorWashington, DC: Lugares favoritos!
Próximo artigoTrekking em El Chaltén (Argentina) Parte I ou “25 de 44 km a pé”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor escreva o seu comentário! :)
Por favor escreva seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.