Olha o preconceito: bastou falar em Piauí que tem uma galera que já torce o nariz.

Pura besteira, mas a gente entende: com tantos destinos badalados de praia no país afora, invariavelmente, a gente deixa esse simpático estado de fora dos nossos planos de viagem.O que é uma injustiça contra o Piauí e com nossas férias, que merecem ser passadas em um lugar maravilhoso.

Mas confesso: também, sem esperar nada, me surpreendi horrores com o litoral piauiense, e especialmente com uma cidadezinha micra chamada Barra Grande. A ponto de afirmar, sem pestanejar, que ela subiu com conforto para o meu top five de destinos brasileiros preferidos no país – e estou fazendo planos sérios de voltar para lá, com mais tempo.

Por isso explico, aqui,  em 10 motivos porque você deve fazer o mesmo. E torço, de coração, que depois desse post você passe a olhar o Piauí com mais carinho. 🙂

1. Piauí é o estado brasileiro que tem o menor litoral do país. Mas com o pouco que tem, arrasa.

2. No reveillón de 2012 para 2013, Barra Grande sediou uma das cinco melhores e mais descoladas festas de reveillón do Brasil. E quem já anunciava isso é a Vogue RG, a Burn (energético), a Mr.Cat e o site chique-todo Glamurama.

3. Dizem os trend-specialists que Barra Grande em três anos será a próxima Jericoacoara.

Pôr do Sol na duna mais famosa do Ceará: abre o olho, Jeri! 🙂

4. O litoral do Piauí é considerado um dos melhores do mundo para a prática de kite-surf (supera, em preferência dos profissionais, a badalada Jericoacoara). Tanto que o campeonato mundial de kite-surf tem uma das etapas em Barra Grande.

5. Exatamente por ser uma das capitais mundiais do esporte, Barra Grande é um dos melhores lugares do mundo para aprender kite. O período de curso lá, com 10 horas de duração (que podem ser feitas uma hora por dia, ou distribuídas em um intensivão de três dias… Não importa, o pacote é ao gosto do freguês) custava, em novembro de 2012, R$ 780. Para fins de comparação, o mesmo  curso, se fosse feito em Jericoacoara, sairia por R$ 900,00. No Rio de Janeiro, então, o preço mais baixo que eu encontrei foi de R$ 1.800,00.

A isso, somem-se alguns fatores: a água do Nordeste é quentinha (comparada ao gelo que é a água do Rio), há um bom trecho raso em direção ao mar em que a água chega na altura do quadril, poucas ondas… Além disso, a praia de Barra Grande tem um formato de lua, o que ajuda na segurança do esporte: como o vento sopra ao longo da costa e não da terra para o mar, é mais fácil para os iniciantes testarem sua habilidade com a pipa sem medo – porque no pior dos piores, o vento sempre vai levá-los até a margem da ponta da “lua”, e não mar adentro.

6. O auge da alta temporada dos ventos é agosto e setembro, mesma época em que o Sudeste está geralmente frio, chuvoso e sem graça. Ótimo para dar uma escapulida.

Ah, e se você for nessa época, grandes chances de só ouvir alemão, italiano e holandês sendo falado por lá: os estrangeiros já descobriram aquela maravilha bem antes da gente.

7. Barra Grande está a 5 horas de Teresina e no meio do caminho entre Jericoacoara, o Delta do Parnaíba e Lençóis Maranhenses. Ou seja, para quem está fazendo o percurso da Rota das Emoções, a cidade é parada obrigatória – e eu, pelo menos, ficaria ainda uns diazinhos porlá.

8. Os voos são baratos. Como Piauí ainda não é um destino popular (e, nesse caso, ainda bem!), às vezes é mais fácil de encontrar bons achados para lá do que para Recife, Natal ou Fortaleza, especialmente em épocas de festas e alta temporada. Só para vocês terem uma idéia: em uma dessas promoções divulgadas pelos Melhores Destinos, eu já achei passagem de ida e volta Rio-Teresina por R$ 299,00 e por R$ 350,00, saindo de São Paulo.

9. Supondo que você vá com família e amigos para Barra Grande, e seus acompanhantes não sejam praticantes de kite. Sem problema- do ladinho de Barra, tem uma lagoa deliciosa, separada do mar por apenas um braço de areia.

Lagoa de Barra Grande. Dá para ver no cantinho do lado esquerdo da foto um pedaço de mar, separado pela areia!

Dá para chegar lá a pé ou de jegue.

E, além do mergulho em si, que é uma delícia, há um passeio feito de canoa pelos igarapés, feito por condutores capacitados pela região, para ver de perto o cavalo marinho, abundante na região.

Segundo informações que eu tive do próprio Sebrae, o passeio só pode ser feito se agendado com antecedência, para que tenha a presença de um dos condutores da cooperativa da região, que foram capacitados para o manejo da atividade sem explorar ou interferir na fauna aquática. Nesse caso, eu apoio a iniciativa, e muito! O agendamento para a fazer a Rota do Cavalo marinho pode ser feito através deste email: markinhos-bg@hotmail.com, da BARRATUR – Associação de Condutores de Turismo de Barra Grande.

Além do cavalo marinho, tem outras vivências na região, como a trilha das Ostras e a visita à Ilha das garças – e ver de perto, por lá, a garça azul, uma das únicas do mundo.

Para saber mais informações sobre as vivências de Barra Grande, clique aqui.

10. Se hospedar no Barra Grande Kitecamp, uma pousada especialmente voltada para os praticantes de kite-surf. Mas quem não é também vai amar. Prometo um review dela em breve, mas só para dar um gostinho: a pousada é toda entre coqueiros, areia e bangalôs charmosos, numa vibe meio Havaí, meio Taiti – mas que é mesmo, Piauí.

Havaí? Não, Piauí.

Cada bangalô tem dois andares, sendo que o de baixo é no estilo pé na areia, e tem uma espécie de “lounge” para os hóspedes deixarem seus kites e ficarem à vontade, com tatames, sofás e redes. Do lado de cima, mais uma rede (delícia!) e o quarto propriamente dito. A rusticidade das cabanas não impede o conforto: os quartos são equipados com wi-fi, televisão, ar condicionado.

Eu tive um problema sério lá: meu bangalô ficava de frente à praia e, vejam vocês, tinha três redes. Descobri ali que excesso de rede causa dependência – foi muito difícil voltar à realidade depois. 😛

Ah, e o melhor de tudo: na época, os preços da diária de alta temporada do bangalô, para um casal eram de caríssimos R$ 150,00. Com a diferença do curso de kite-surf no Rio de Janeiro, dá para pagar alguns diazinhos de pousada por lá e ainda curtir uma vibe muito boa. Faz as contas aí: não vale a pena? 🙂

Ah, e na própria escola agendam-se as aulas de kite e aluguel do equipamento (todos da marca Cabrinha, queridinha dos praticantes do esporte).

Quem gostou da idéia, pode consultar o site da BGK aqui. E se quiser consultar outras pousadas na região – igualmente charmosas, pode pesquisar e fazer a reserva aqui.

Moral da história: não sei vocês, mas fato que eu estarei lá, em agosto ou setembro de 2014 (esse ano não vai dar por motivos de agenda, mas só por isso!), por pelo menos cinco diazinhos.

E você aí, desdenhando promoção para o Piauí sem saber o que está perdendo… Deixe disso! Preconceito não leva a gente a lugar nenhum mesmo… muito menos à praia! 😛

Quem leva:

Dá para ir a Barra Grande de duas formas: indo de avião até Teresina ou seguindo do Delta do Parnaíba ou de Jeri. De qualquer modo, é preciso contratar um transfer – não recomendo alugar um carro.

O transfer fica sempre bem mais barato se fechado em um grupo, já que você rateia o preço do carro. E para fechar o serviço você pode:

  • Fechar diretamente o seu pacote no site da Rota das Emoções (http://www.rotadasemocoes.com.br/). Lá há uma série de filtros de empresa, pacotes e passeios para você escolher o que gostaria;
  • Ou fechar diretamente com algumas agências. Algumas que eu conheci, fiz o passeio com eles e gostei da estrutura e do atendimento, são: Rastro NordestinoEcoAdventure TourNatur Turismo Ecológico (fale com a Carina, uma fofa: atendimento@naturturismo.com.br); e Caravelas Turismo (uma boa opção se você optar por começar a percorrer a Rota saindo de São Luís, no Maranhão. Procure o Rodrigo, no e-mail: rodrigo@caravelasturismo.com.br);

Nós fizemos com a Natur Turismo Ecológico: todo o transporte é feito em carros novinhos e a equipe toda é super prestativa. Recomendo.

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Se você gostou desse texto, acompanhe a série sobre a Rota das Emoções aqui:

Lençóis Maranhenses: lagoas, camarões e vida mansa em Atins

Lençóis Maranhenses (ou o que fazer quando as lagoas estão secas)

Rota das Emoções: do Piauí em direção aos Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses

Rota das Emoções: a revoada dos guarás no Delta do Parnaíba, Piauí

Rota das Emoções: as vivências com rendeiras, pitangas, cajuína e catadores de carangueijo no Piauí

Barra Grande em 10 motivos: para você visitar todos e parar de desdenhar promoção de passagem para o Piauí

Rota das emoções: viajando de buggy de Jericoacoara a Camocim, no Ceará

Rota das emoções: dicas do que fazer em Jericoacoara por quem começa a viagem por aqui

Rota das emoções: onde é, o que vale a pena fazer lá e como planejar sua viagem no Nordeste

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Esta jornalista e blogueira percorreu a Rota das Emoções em novembro de 2012 a convite do Sebrae e dos empresários de Turismo da Rota. Todas as impressões, dicas, sugestões e avisos são frutos da experiência e opinião da jornalista.

Comments

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Clarissa Donda
Sou jornalista e escritora. Eu criei esse blog como um hobby: a idéia era escrever sobre minhas viagens para não morrer de tédio durante a recuperação de um acidente de carro. Acabou que tanto o blog quanto as viagens mudaram a minha vida (várias vezes, aliás). Por isso, hoje eu escrevo para ajudar outras pessoas a encontrarem as viagens que vão inspirar elas também.

22 COMENTÁRIOS

  1. Gostei muito do seu post! Barra Grande é mesmo uma maravilha!
    Só dois comentários/correções:
    * o auge da temporada dos ventos é Outubro e Novembro. Em Agosto e Setembro também venta, mas a “bufa” é mesmo nos meses de Outubro e Novembro.
    * A informação que a diária casal no bangalô beira mar da BGK custa R$ 150 está errada… Custa no mínimo R$ 350.

    Abraço e parabéns!

    • Oi, Vivi! Obrigada pela sua mensagem e pelas correções! Na verdade, as duas informações que eu tive referentes ao melhor tempo para ir lá foram do próprio guia, e ele mencionou agosto e setembro também – embora, vou concordar com você pois estive lá no início de novembro e o vento estava demais. Então, não sabia desse detalhe de quais seriam os meses exatos da “bufa”! 🙂
      Quanto ao preço, também peguei da tabela de preços deles que estava em cima da bancada quando estive lá, durante a conversa com o rapaz que trabalhava na recepção, e mencionavam estes preços para alta e baixa temporada. Mas isso foi no ano passado, e é provável que para essa temporada agora tenha rolado um reajuste – e acho que um dos chalés, o super luxo, chegava a ter o valor de 295 na época, e agora deve ter sido reajustado, então. Mas de qualquer modo, haviam as opções de chalés mais baratas também, que chegavam a R$ 165,00.
      E muito obrigada por mandar suas correções: atualizações como essa são importantes para quem lê, e sempre tem uns detalhes que mudam e a gente não consegue atualizar-se de tudo. 🙂

  2. Cara blogueira, belo post.
    Graças a textos como esse pessoas que ainda não tiverem oportunidade de conhecer o Povoado de Barra Grande, com certeza, pensarão em visitar a localidade que faz parte do Município de Cajueiro da Praia.

    Curtido e compartilhado.

  3. Adorei as infos. Estou querendo passar o reveillon lá, mas se venta mto na praia pra quem não quer aprender kite acho que não vale a pena. Vc sabe sobre isso? ☺️

    • Oi, Clarissa (minha xará! 🙂 )
      Então, lá em Barra Grande venta muito mesmo. Final do ano, mais ainda. Ou seja, para quem quer ficar só curtindo o sol na praia (como era o meu caso), o vento chegava a incomodar um pouco sim. Mas olha (e aí é minha opinião mesmo, tá?), mesmo com todo o vento para quem não vai praticar kite-surf, ainda assim vale a pena: porque Barra Grande é bem pequenininha e tem uma vibe bem gostosa, e só isso compensa. Eu fiquei no BGK, o que também compensava (ficava de moleza ali nas redes da pousada, uma delícia) e em algumas delas tem piscina.
      E se você pensa em ir no Reveillón, aí que acho que vale a pena mesmo – uma das melhores festas de reveillón do país é lá. Sei lá, eu iria com vento ou sem vento! 🙂

  4. Olá, Clarissa, adorei conhecer seu blog e me animei com seu entusiasmo por Barra Grande ! Eu e meu noivo vamos para lá no ano novo e a grande dúvida é se vale a pena alugar ou não um carro (já que chegaremos em Teresina) e queremos visitar Teresina e o Parque 7 cidades e fazer os passeios em barra garnde e parnaíba. Para o nº de dias (de 27 a 03/01) e as distâncias, vc nos recomendaria o que (em termos de segurança e custo)? Carro ou vans? Muito obrigada pelas dicas ! Fernanda

    • Oi, Fernanda! Que bom que você gostou do post: eu sou mesmo apaixonada por Barra Grande, quero muito voltar lá!

      Olha, eu não sei se posso afirmar com toda certeza se vale a pena lugar um carro ou não (eu fui numa excursão, com um grupo, e fui de Jericoacoara, e não de Teresina). Porém, me parece que muita gente vai por Teresina sim, então acho que é uma viagem que dá para fazer. A viagem de Teresina a Barra Grande dura 6 horas de carro no mínimo (isso, jogando no Google Maps e sem considerar trânsito, obra no caminho, etc). Então é uma viagem longa sim.
      Eu não sei dizer o que é mais recomendado porque não fiz esse trajeto, mas tem esse post mastigadíssimo aqui do Viaje na Viagem explicando esse trajeto e as possibilidades. vê só: http://www.viajenaviagem.com/2014/03/azul-agora-voa-a-parnaiba-barra-grande-do-piaui-ficou-mais-perto

      Uma dica: eu orçaria o valor do aluguel + combustível para todos os trechos dessa viagem e orçaria o valor das agências (no final do post tem um link com a indicação da agência que fez nosso tour e que é bem legal!). Aí você tem valores e opiniões para pesar a melhor opção!

      Só dou uma dica: reserva o quanto antes a pousada, porque costuma lotar logo (quando eu fui, início de novembro de 2012, já não tinha mais nada para o reveillon). Aqui tem o link do Booking.com com só com as pousadas de lá.

      • olá, Clarissa!!!
        Muuuuito obrigada pelas dicas e por toda sua atenção!
        Confiei na sua indicação e já estou fechando os passeios com a Natur! Decidimos ir com o transfer da agência para ficarmos mais descansados, por conta das distâncias e pq no final dá quase o mesmo preço do aluguel do carro…
        Vimos que Barra Grande era concorrida e logo tratamos de fechar a hospedagem por lá…ufa!! O que ainda não fechamos foi a hospedagem em Parnaíba, mas esta será para apenas 2 dias…
        Sobre o passeio do Parque 7 cidades, qual esquema vc fez? Caminhou ou fez de carro mesmo? Só para saber o que vale a pena ser visto!! Se tiver mais dicas de lugares para comer e sair à noite em Barra Grande e Parnaíba, aceito sugestões!!
        Grande abraço, Fernanda

    • Letícia, acho que julho ainda é época de chuvas por lá (está no final, mas ainda pode chover). Quanto à lotação, não sei como é nessa época do ano, mas acredito que não deve ser lotada exatamente por este motivo.

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